Não sou da paz, sou da guerra. Meu mundo é dual, onde o bem e o mal se defrontam em todos os tempos para que eu possa distinguir a verdade da ilusão, crescer.
Sou da guerra, não sou da paz, porque um guerreiro se faz na guerra e na paz descansa. Não sou anjo, maga ou sábia, sou guerreira e minha espada tenho sempre comigo; mas somente a mantenho desembainhada quando preciso for, nunca de maneira diferente.
Fortalece-me a luta, o desafio, a injustiça. Tudo isto tenho como matéria prima para minha vontade enaltecer, pois assim como a espada, minha alma é forjada no fogo sob pressão de batidas vigorosas.
A paz efêmera não me atrai, a justiça sim, me chama para si. Sou do fogo, do embate, da vitória justa sobre a inércia, a ignorância, o vil, o pacífico ilusório, o elo vampiresco ou aparência “ouro de tolo”.
O mundo externo não me interessa, é uma sala de espelhos, que confunde quem mantém seu olhar preso no reflexo, sem perceber o ponto de origem. Quero ir mais fundo na caverna que me mostra onde a escada está. Aquela que me levará para o topo, a saída, a luz com a qual sonho todas as noites, para saber da sua natureza e por fim, encontrá-la.
Sou da guerra, não sou da paz e por isso nada lhe desejo, mas ficaria feliz se o visse, por esforço próprio, construir sua felicidade, vencer sua ignorância e brilhar. Não me veria só, estaria em boa companhia, repleta de calor que aqueceria meu coração guerreiro e esperançoso, pois mesmo sabendo que meu mundo não é de paz, sei que a posso encontrar, mas pelo lado de dentro e por isso sigo na guerra a forjar minha alma, sem motivos para reclamar, pois tenho aos meus pés o que preciso para conseguir.
Passo a passo, de batalha em batalha, hei de construir a paz que acredito existir e almejo. Paz que não está no mundo em que estou, mas que nele posso construir a verdadeira, a profunda paz!