Inspirado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, o evento contemplará mostra de pesquisas em diversas áreas do conhecimento
O Liceu Jardim sediará, no dia 30 de setembro, uma Feira das Ciências diferente. Ao utilizar a expressão “Feira das Ciências” e não “de Ciências”, como normalmente o evento é conhecido, a escola procura deixar claro que o projeto envolve não somente as Ciências da Natureza, como também as Ciências Humanas e ainda a Matemática.
Como colégio integrante do Programa das Escolas Associadas à UNESCO, a Feira das Ciências está relacionada a 16 das 17 metas estabelecidas pela ONU como prioridade para as nações.
As metas fazem parte de uma agenda lançada em setembro de 2015 por 193 países membros da ONU, que, desde então, têm orientado suas decisões seguindo os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS.
Os Estados e a sociedade civil discutiram seus papéis para atingir os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030. Mas qual o papel individual de cada cidadão nessa jornada? Ao pensar e propor soluções para que as metas sejam atingidas, o principal objetivo da Feira das Ciências é nortear essa resposta.
Voltado para os alunos de 2º ano do Ensino Fundamental à 2ª série do Ensino Médio, o evento propõe a discussão sobre as questões mais urgentes de nosso tempo por meio do incentivo à pesquisa.
Entre os trabalhos em desenvolvimento, há pesquisas sobre “Cidades e Comunidades sustentáveis”, “Emprego Digno e Crescimento Econômico”, “Combate às Mudanças Climáticas”, “Energia Limpa e Acessível” e “Fome Zero e Agricultura Sustentável”.
Ao pesquisar os dados da fome no mundo para o projeto que investiga como acabar com a fome de maneira sustentável, Henrique Cruz (13), 8º ano, e seu grupo chegaram aos alimentos biofortificados e a Batata-doce Beauregard. “Na África, grande parte das crianças têm deficiência de vitamina A e a Beauregard é rica em betacaroteno e, por isso, apresenta dez vezes mais carotenóides – pró-vitamina A – do que outras espécies, sendo uma opção mais nutritiva na luta contra a fome”, conta ele, que diz ainda que a raíz tem baixo custo de produção e facilidade de plantio.
Já a pesquisa do aluno Gabriel Tavares (13) e seu grupo, 7º ano, partiu da pergunta “como as hortas comunitárias podem ajudar na erradicação da pobreza?”. “Em 2008, os brasileiros que viviam nessa situação representavam 4,8% da população absoluta do país. Projetos como as hortas comunitárias não conseguem acabar com toda a pobreza, porém auxiliam a diminuí-la e exercem extensas influências não apenas na saúde dos envolvidos, como também ocupando espaços de maneira sustentável, diminuindo o acúmulo de lixo, entulho e a ocupação irregular do terreno, além de terem uma produção barata”, conta Gabriel.
Além das apresentações em estandes, a feira contará com algumas surpresas, como o protótipo de um HPA funcional – aeronave movida exclusivamente por potência humana ou “Human-Powered Aircraft” – que os visitantes poderão acioná-lo por meio de pedais e está aliado ao tema “Indústria, Infraestrutura e Inovação”.
Na construção e execução da ideia, os estudantes desenvolvem a criatividade e, muitas vezes, descobrem e trabalham talentos. De acordo com a coordenadora do projeto, professora Michele Rascalha, mestre em História, Ensino e Filosofia das Ciências pela UFABC e diretora de Tecnologia Educacional no colégio, a trilha da pesquisa está presente em todas as áreas do conhecimento e precisa ser incentivada desde cedo. “Formular perguntas e investigar hipóteses por meio de consultas bibliográficas, experimentos, levantamentos de dados, entrevistas e construção de modelos são exercícios fundamentais para o desenvolvimento do pensamento crítico e científico. Além disso, nossa proposta oportuniza a reflexão sobre as questões globais mais urgentes de nosso tempo e contribui para o letramento digital, uma vez que mobiliza o uso dos recursos digitais em prol da pesquisa e da criação de conteúdos interativos para o evento.”, diz.