Os Lírios de Minha Alma

Ala Voloshyn

Ala Voloshyn

12 de Fevereiro

Quando era criança, talvez com meus 6 anos, estava no muro de casa observando umas meninas que colhiam flores silvestres bem perto dali. Olhei para elas e para meu jardim, várias vezes. Via em suas mãos flores bonitas, mas bem simples e pequenas, enquanto em meu jardim haviam inúmeros lírios brancos e bem graúdos. Minha mãe os cultivava com muito esmero, eram seu xodó! No meu pensar, conclui que eu no privilégio de ter flores tão belas e elas algumas muito simples deveria compartilhar daquela beleza que tinha! Não esperei um minuto e chamei-as, colhi alguns lírios e dei. Neste exato momento minha mãe viu o que tinha feito e imediatamente chamou para dentro de casa. Levei uma das maiores sovas naquele dia! Ela estava furiosa, por eu ter colhido seus lírios! Dizia em voz alta que nunca mais eu deveria repetir o que fiz! Com medo dela acabar comigo ali mesmo, jurei que não faria mais aquilo! E foi assim que me livrei do peso de sua mão! Mas eu menti e menti muito! Dei uma de Galileu! Menti para salvar minha pele, porque jamais deixei de fazer o que fiz. É de minha natureza compartilhar o que gosto, o belo e o que considero bom. Quero repartir o que penso e aprendo, por isso escrevo. Menti para poder continuar a ser quem sou, pois é de suma importância fazer aquilo que permite a alma vir à tona para se realizar!

O que faz sua alma vir à tona? Sabe? Se não sabe, descubra, pois não há tempo a perder. E se já sabe, faça, pois não há tempo a perder também!

O que faz minha alma vir à tona, manifestar-se e aprender cada vez mais são a arte e o belo. Pode ser através da dança, literatura, pintura, escrita, música, teatro, canto, rendas no artesanato, belas flores, minhas adoradas árvores, meus gatos, som das ondas do mar (à noite de preferência). Mas tudo deve ser compartilhado, caso contrário minha alma fica pequenina, presa, infeliz, reclamona, pois quer vir à tona e respirar! Viver na mais forte intensidade que puder, pois por menos é triste e nublado.

Tenho hoje os lírios brancos como um símbolo pessoal de resistência e fidelidade ao próprio coração.

Sempre que olho um lírio branco lembro-me daquele dia em que fui colocada à prova e passei com louvor, pois me doeria mais me deixar dominar pelo que o outro manifestava de pior em si do que resistir. Suportei as dores do corpo para poder proteger o que tenho de sagrado, minha alma.

Viva o que faz sua alma crescer e se manifestar, não se deixe intimidar por nada neste mundo, seja fiel a si! Não traia sua natureza, mesmo que tenha que ser um Galileu, para proteger o que tem de melhor!

Um forte abraço, de alma para alma!

Ala Voloshyn

Ala Voloshyn

Psicóloga. Escritora. Blogueira. Contadora de Histórias. Mediadora de Conversa Filosófica. Blogs: alavoloshyn, livrosvivos - SoundCloud