Há filmes que merecem ser revistos pelo poder que têm de revisitar uma época e, mesmo assim, permanecerem atuais sob diversos aspectos. É justamente o caso de ‘Jumpin ‘Jack Flash’ (‘Salve-Me Quem Puder’, no Brasil). Trata-se de uma curiosa mescla de comédia com espionagem de 1986 com dois destaques históricos: estrelado por Whoopi Goldberg, num de seus primeiros papeis de destaque, e dirigido por Penny Marshall, falecida em dezembro último, que realizou, entre outros sucessos, ‘Quero ser Grande’.
A obra é pioneira por apresentar o universo da computação em primeiro plano. A personagem de Whoppi trabalha num banco e usa os computadores para transmitir imensas somas de dinheiro entre instituições de todo o mundo. Irreverente, não segue as rígidas normas da empresa e tem sua comunicação invadida por um agente americano preso no Leste Europeu.
Ele deseja voltar e a funcionária americana é sua ponte de contato com o mundo ocidental, em mensagens em código e senhas criadas a partir da música “’Jumpin’ Jack Flash” dos Rolling Stones. Começa então uma trama de espionagem bem urdida que aponta para questões inovadoras nos meados dos anos 1980 que se mantêm atuais.
Duas delas são cruciais: a valorização da funcionária enquanto negra e enquanto mulher. Essas discussões são tratadas diretamente, sem rodeios, pois a competência dela se sobrepõe ao desejo do chefe de homogeneizar o atendimento, tratando pessoas como máquinas. Muita atualidade nesta atuação memorável de Whoppi!
Oscar D’Ambrosio é jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.