Cia da Matilde completa 15 anos

Premiada companhia teatral de São Caetano ganha Ato Solene, exposição cenográfica e inicia nova fase

Era 2004 quando um grupo de atores de São Caetano do Sul se reuniu para produzir arte como instrumento de transformação sociocultural. De forma independe, abriu seus caminhos e foi além de seus objetivos. Realizou 16 montagens, lotou salas paulistanas, faturou dois troféus de Prêmio Shell e agregou centenas de artistas em seu espaço cultural. Esta é a Cia da Matilde, muito prazer!

Depois de 15 anos, os olhares estão voltados para a companhia, que vai ganhar Ato Solene na Câmara Municipal de São Caetano, algo raro para grupos teatrais. O ato será no dia 14 de setembro (sábado), às 10h, seguido da abertura de uma exposição cenográfica no Salão Nobre da Câmara. “Toda nossa trajetória está nessa mostra”, afirma o ator e diretor Erike Busoni, presidente da companhia.

A grandiosidade da Cia da Matilde era sentida por seus integrantes, mas o trabalho de levantar a retrospectiva do grupo fez com que toda a história viesse à tona. Figurinos, fotografias, filmes, publicações, reportagens, prêmios. Cada detalhe resgata momentos de um trabalho cuidadoso para que o melhor da arte fosse levado aos palcos. “Tinha gente que não acreditava que um pequeno grupo de São Caetano pudesse levantar patrocínios e fazer uma peça de R$ 1,5 milhão. Mas fizemos. E conseguimos tudo porque sempre colocamos a arte de boa qualidade em primeiro plano”, diz Busoni.

Números

Dentre os 23 prêmios da Cia da Matilde, dois deles ganham destaque: os Prêmios Shell conquistados com Bete Dorgam, como melhor atriz por Casting (2011), e Chico Carvalho, melhor ator por Ricardo III (2014). Os dois troféus – da maior condecoração do teatro brasileiro – estarão na exposição.

Ao longo de sua trajetória, a companhia levou aos palcos 16 montagens, sendo que sete foram premiadas. Nesses espetáculos atuaram 117 atores e atrizes, que realizaram um total de 510 apresentações. Significa uma média de 34 exibições por ano, o que daria mais de quatro meses em cartaz todo ano. “É uma atividade bastante intensa, ainda mais pensando que temos também as etapas de captação de recursos, de produção, ensaios e, no nosso caso, os 32 saraus culturais que realizamos”, comenta o presidente.

O Galpão

Parte fundamental da história da Cia da Matilde é o espaço chamado carinhosamente por seus integrantes como galpão, onde funcionou a sede do grupo de 2009 a 2017. O Universo Cultural Matilde foi local de ensaio, reuniões, encenações, oficinas culturais, festas e saraus.

“A Matilde foi se transformando também com seus espaços. Nascemos em local emprestado na Faculdade Paulista de Serviço Social, onde ficamos de 2004 até 2007. Depois ficamos um ano na casa de um integrante do grupo, o Marcio Marçal, até chegarmos a um espaço próprio. Tivemos momentos de resistência, de crescimento, de participação na construção de políticas públicas e difusão da cultura”, comenta a atriz e fundadora da companhia Malu Saloti.

M.A.T.I.L.D.E.

Movimento Artístico pela Transformação Integrado pela Liberdade, Direitos e Entretenimento, ou apenas Cia da Matilde, é um dos principais agregadores culturais do Grande ABC. Seu currículo conta com produções de peças, realização de saraus culturais, oficinas e cursos de arte, além de uma engajada participação pela estruturação das políticas públicas de Cultura em São Caetano.

Todas as montagens

Via Crucis
Vidas Secas
Clorofila e Hortelã
Romeu e Julieta Segunda a Matilde
Antígone
Terra
Paixão de Cristo
Dias Felizes
Casting
A Tempestade
Romeu e Julieta
Ricardo III
Os Dois Cavalheiros de Verona
Nas Abas do Meu Cordel
Tróilo e Créssida
A Megerinha

Parceria com Shakespeare

Muitos momentos especiais foram vividos pelos artistas que passaram e ainda estão na Cia da Matilde. E boa parte dessa história estará na exposição. Se considerar apenas os espetáculos levados aos palcos, pode ser destacada a parceria bem-sucedida com William Shakespeare.

A peça de maior orçamento e exposição na mídia foi A Tempestade (2011), com Thaila Ayala e Paulo Goulart Filho no elenco, trilha sonora de André Abujamra e texto com tradução de Barbara Heliodora. Foi cerca de R$ 1,5 milhão investido, resultando em salas sempre lotadas no Teatro Raul Cortez, em São Paulo.

Outra montagem de Shakespeare com sucesso de público foi Ricardo III (2014). Esta peça rendeu Prêmio Shell de melhor ator (Chico Carvalho), somou mais de 15.000 espectadores em suas 50 apresentações. É também o espetáculo que inicia o Projeto 39, pelo qual a Matilde planeja encenar todas as 39 peças do autor inglês.

Atualmente, a Matilde está com o espetáculo A Megerinha, uma adaptação em literatura de cordel do texto A Megera Domada, de Shakespeare.

E agora?

“A Cia da Matilde está iniciando uma nova fase. Com essa exposição, fechamos um ciclo de 15 anos, revendo nossa trajetória e projetando nossas futuras ações e atitudes. Estamos planejando uma atuação bem mais próxima aos artistas locais, com ações de formação de público e desenvolvimento da arte em várias frentes. Em breve, começaremos a colocar em prática nosso planejamento” – Erike Busoni.

Serviço

Ato Solene e Abertura da Exposição:
14 de setembro de 2019, sábado, às 10h
Câmara Municipal de São Caetano – Avenida Goiás, 600, Bairro Santo Antônio
Entrada franca

Exposição “15 Anos da Cia da Matilde”
De 16 a 28/9, das 8h às 18h
No Salão Nobre da Câmara Municipal de São Caetano – Avenida Goiás, 600, Bairro Santo Antônio
Entrada franca