A União Faz a Força

Ala Voloshyn

Ala Voloshyn

13 de Dezembro

Nos livros escolares de meus pais, na Ucrânia, havia um conto sobre um bezerro que ao cair no rio, não conseguia sair. Com a intenção de socorrê-lo aproximaram-se um caranguejo, uma cegonha e um peixe. Todos seguraram o bezerro e rapidamente começaram a puxar para salvá-lo. O caranguejo puxou para o lado, a cegonha para cima e o peixe para baixo. Não fica difícil de imaginar o que aconteceu com o bezerro!
Afogou-se!

É comum dizermos que a união faz a força, mas só a boa intenção de cada um não basta, é preciso mais que isto quando a ação se torna necessária.

Sabemos que todo ser humano é uma manifestação única e que cada um busca o fortalecimento de sua individualidade. A consciência de si mesmo e a expressão da própria identidade, fundamentadas na autotransformação, são tarefas para uma vida inteira.

Sabemos também o quanto é importante conhecermos nossas capacidades para a ação e para a superação de nossos limites.

Além de tudo, fica bastante claro que mesmo tendo conquistado a individualidade, somos seres sociais e existimos num grupo, isto é, o senso do coletivo é inquestionável. Dentro desta realidade somos influenciáveis e influenciamos. Nossa liberdade fica condicionada à consciência de que sempre esbarramos na liberdade do outro. Não é simples conviver.

No decorrer da vida, se formos bons observadores, aprendemos que é na convivência que desenvolvemos a percepção. Os contrastes entre o “eu” e o “tu” geram uma riqueza incalculável de possibilidades de aprendizagem a respeito de nós mesmos, do outro, assim como da situação. Além do enriquecimento pessoal vamos cada vez mais aprendendo que a realização de qualquer coisa depende do trabalho de vários, isto é, fica claro que o grupo é fundamental para a construção de algo. Apenas um indivíduo não consegue fazer tudo, além do que, somos interdependentes. Alguém assou o pão do nosso café da manhã, alguém dirige o ônibus que usamos, alguém plantou o tomate que comemos, alguém depende do nosso trabalho, alguém precisa de nosso cuidado. Enfim, o individual não se desenvolve sem o coletivo.

A mútua colaboração mostra que cada ser humano tem algo a oferecer. Todos, sem distinção, podem contribuir com a condição que tem, para que na união de todas as expressões possamos realizar o crescimento geral. Mas se agirmos como os personagens do conto, onde as forças isoladas são inúteis pela falta de integração, com certeza as perdas serão inevitáveis.

De que vale o conhecimento, o poder, boa vontade, recursos, se não conseguimos integrá-los num grupo? De que vale a individualidade se não a tornamos parte do todo?

Usar unicamente sua força é diferente de adequá-la à força do outro. É importante uni-las, combiná-las em prol de um objetivo comum.

A união só faz a força quando cada indivíduo está consciente do quanto sua contribuição é valiosa, integrando-a aos seus semelhantes e formando assim, uma só força.

É preciso reforçar a ideia, de que somos uma célula dentro de um organismo, onde cada um tem uma função, que quando realizada conscientemente provoca a saúde e desenvolvimento de todos. Guiar a vontade própria apenas para onde se deseja sem considerar o todo, só pode provocar atraso na evolução.

Ala Voloshyn

Ala Voloshyn

Psicóloga. Escritora. Blogueira. Contadora de Histórias. Mediadora de Conversa Filosófica. Blogs: alavoloshyn, livrosvivos - SoundCloud