O ex-atleta Olímpico de Saltos Ornamentais, César Castro, hoje professor de Educação Física e treinador da modalidade, acredita que o adiamento de um ano nas datas reservadas para a 32ª edição dos Jogos Olímpicos, em razão da pandemia mundial provocada pelo coronavírus, será, em maior parte, positiva para os atletas em treinamento, para a organização do evento e para os espectadores.
“A decisão de adiar por um ano foi a mais acertada, melhor para todo mundo, incluindo atletas e treinadores. Em ano Olímpico, o foco é total para o evento, então, cada dia de treino conta. Se os atletas estão preocupados com outras questões ou limitados, fisicamente, para realizar os treinos, isso acaba prejudicando o desempenho final. O que afetaria muito os jogos neste ano, principalmente considerando a condição de algumas potências, como a Itália e a Espanha”, explicou Castro, que foi duas vezes finalista dos Jogos Olímpicos, em 2004 (Atenas) e 2016 (Rio de Janeiro).
No último dia 30 de março o Comitê Olímpico Internacional (COI) divulgou a mudança no calendário dos jogos, que ocorreriam entre 24 de julho e 9 de agosto e 25 de agosto e 6 de setembro (Paralímpicos) deste ano. O compromisso com as Olimpíadas de Tóquio será, agora, de 23 de julho a 8 de agosto de 2021. E as Paralimpíadas, por deliberação do Comitê Paralímpico, foram agendadas para o intervalo de 24 de agosto a 9 de setembro do ano que vem.
A decisão foi tomada após uma série de avaliações e discussões envolvendo o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach, e dirigentes das federações esportivas e de comitês nacionais. A nova data cumpre a promessa do COI de que os Jogos seriam realizados até o verão de 2021.
“Se fosse o meu caso, se eu fosse um atleta das Olimpíadas em 2020, eu ficaria muito feliz com a decisão por não ser obrigado a treinar em casa ou de qualquer jeito. Poderia fazer uma manutenção da forma física, de forma mais tranquila. E isso é o que deve ocorrer, dentro da possibilidade de cada atleta. Quando todos voltarem, estarão focados lá na frente, com tempo correto de treino e preparação. Ganha também quem for assistir. Veremos os melhores atletas do mundo no auge da forma”, acrescentou o professor.
A previsão era de que 11 mil atletas, de pelo menos 204 países, disputassem os Jogos de Tóquio, distribuídos por 33 modalidades esportivas. Se não bastasse esse contingente de pessoas, o COI e o Comitê Organizador do Japão estimavam que as provas recebessem até cinco milhões de espectadores de todo o mundo, nos 43 locais de disputas.
Doping
Segundo César Castro, a ocasião deverá beneficiar também aqueles atletas que estavam suspensos por doping. Pelo Brasil, estão de fora das Olimpíadas de Tóquio, por exemplo, a judoca Rafaela Silva, punida até agosto de 2021. A atleta pode conseguir, graças ao adiamento e ao recurso aplicado à Corte Arbitral do Esporte, defender o país, ano que vem. Outro caso importante é o da tenista Beatriz Haddad Maia, que voltou aos treinos semana passada e cumpre gancho por doping até 22 de maio. Andressa de Morais, medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos de Lima e ouro no Troféu Brasil no lançamento de disco, que está suspensa por doping até setembro, e Douglas Brose, afastado por outro motivo, uma lesão grave no tendão de Aquiles, em 2018, também são promessas de medalha que serão ajudados pela mudança das datas.
“Esses atletas muito provavelmente poderão competir em 2021, então para eles foi o máximo. Cumprirão a pena e/ou se recuperarão e poderão competir. Agora, avaliando de outro ângulo, para os atletas mais velhos, que estão no limite da dor, do psicológico, que passaram por todo o stress de preparação, dedicando a vida a isso, com competições, treinos e etc., um ano pode significar o contrário, pode ser muito, com muito mais desgaste”, concluiu o treinador de Saltos.