Memórias do futebol mauaense: Miguel Reginaldo Oliveira, o Leivinha

Daniel Alcarria

Daniel Alcarria

17 de Abril

Que o futebol amador, a popular várzea, é um celeiro de grandes jogadores, craques da bola e da superação, isso ninguém duvida; inúmeros são os exemplos conhecidos de atletas que se tornaram profissionais, ganharam fama e dinheiro que deram seus primeiros chutes em campos e times da denominada “várzea”. Elias (ex-Atlético Mineiro e Corinthians), Bruno Henrique (Flamengo), Paulinho (ex-Corinthians e Seleção brasileira), Ricardo Oliveira, Leandro Damião, Liedson, David Luiz zagueiro são vários dos muitos exemplos.

Em Mauá não é diferente: muitos craques surgiram dos nossos tradicionais campos de terra batida (e com muitos buracos), com a pouca estrutura típica da várzea. E outros tantos jogaram na várzea após pendurarem as chuteiras, caso do finado Tulica e do pentacampeão mundial Edilson. Da cidade, podemos nominar vários jogadores, certamente correndo o risco de cometer injustiças, dentre os quais Elio Bernardi, Zéca Benetti, Vicente Loro (Bugrão), Da Silva, Ditinho e muitos outros…

Um desses personagens/craques da várzea é Miguel Reginaldo Oliveira, o popular Leivinha, a quem dedicamos a coluna da semana. Atacante por vocação, Leivinha foi um dos maiores artilheiros da história do futebol mauaense, seja no futebol profissional ou na várzea. Sim, Leivinha jogou futebol profissional, com passagem pela base do Santos e pelo Vila Nova (MG) em 1978. No tradicional clube mineiro, Leivinha chegou a atuar com o zagueiro Luizinho, titular da Seleção brasileira que disputou a Copa de 1982 e que depois transferiu-se para o Atlético. Além do Villa Nova, foi no Grêmio Mauaense, onde foi artilheiro da equipe no campeonato paulista da Terceira Divisão de 1982 com 12 gols, que Leivinha teve sua derradeira experiência profissional.

Nascido na cidade mineira de Campestre em 25 de maio de 1955, Miguel Reginaldo Oliveira acabou ganhando o mesmo apelido do famoso Leivinha da Academia de Futebol do Palmeiras por suas semelhanças com o craque alviverde; Miguel Reginaldo era como Leivinha, artilheiro e grande cabeceador. E mesmo depois de encerrar suas experiências no profissionalismo, continuou jogando na várzea, tendo atuado pelo CE União, do Parque São Vicente e Barão de Mauá, onde conquistou títulos e marcou muitos gols.

Leivinha chegou de Minas Gerais com a família em 1973 para morar no Parque São Vicente, bairro onde fincou raízes e estabeleceu família. E no União, um dos times do bairro, Miguel Reginaldo fez história com mais de 30 anos de atuação seja como jogador, dirigente e/ou colaborador. No Grêmio Mauaense foi um de seus primeiros atletas, fazendo parte do primeiro time do clube, além de ser o autor dos dois primeiros gols da “locomotiva”. Ainda no Mauaense, onde atuou entre 1982 e 1983, Leivinha conciliava a atividade de jogador “profissional” de futebol com as de motorista de ônibus, na Viação Barão de Mauá, sendo o 10o maior artilheiro da história do clube com 17 gols marcados com a camisa do Grêmio Mauaense.

Com a colaboração de Newton Cavalcante de Souza.

O craque Miguel Reginaldo Oliveira (Leivinha) e Daniel Alcarria. Ano: 2020. Foto: Newton Cavalcante de Souza.
O Clube Esportivo União, vice-campeão mauaense de 1976, no extinto campo do Unidos do Parque São Vicente, onde hoje é o Poliesportivo do Grêmio. Em pé, da esquerda para a direita: Nivaldo, Francismar, Benê, Valdair, Valter Canoeiro, Nivaldo, Zé Baiano, Eduardo, Mané Guerra e Baiano; agachados: Zé Moreno, Zé Nilton, Josmir, Leivinha, Valter Ancilotto, Marrom, Marquinhos e Tonhão. Ano: 1976. Foto: n/d. Acervo pessoal de Marcos Antonio Sebastião.
Uma das primeiras formações do Grêmio Mauaense ainda no Campo do Cerâmica. Em pé, da esquerda para a direita: Ceará, Benê, Betinho, Cavaco, Jiló e Carlinhos; agachados: Ica, Ramilton, Ditinho, Marivaldo, Leivinha e Barná (massagista). Ano: 1982. Foto: n/d. Acervo pessoal de Marcos Antonio Sebastião.