Memórias do futebol mauaense: Quinho Capuano

Daniel Alcarria

Daniel Alcarria

30 de Abril

Que o futebol brasileiro é recheado de figuras folclóricas, seja por suas polêmicas, frases notórias ou pelos serviços prestados em seus respectivos clubes, federações, ligas ou confederações disso não temos dúvidas. A lista inclusive é longa, repleta de figuras e personagens que marcaram época: Eurico Miranda, Vicente Matheus, Havelange, Eduardo José Farah, Caixa D’agua, Petraglia e muitos outros que ainda hoje fazem parte do cotidiano do nosso futebol.

Assim como no plano nacional, em Mauá também tivemos (e ainda temos) daqueles tipos de dirigentes, que em cargos como diretor ou presidente de time ou de ligas de futebol, são parte fundamental para o êxito das competições e das próprias existências de muitos clubes na cidade. Aparecido Sanvidotti, Pedro do Carmo Alves, Clóvis Volpi, Aparecido Vicente Dias, Evandro Fiorentini, José Sebastião, Milton Oscar e outros são muitos desses personagens produzidos pelos campos de várzea de Mauá.

Dentre esses, destacamos o trabalho de Marco Antonio Capuano, o popular “Quinho”. O atual presidente do Grêmio Esportivo Mauaense nasceu na vizinha Santo André em junho de 1960, chegando em Mauá com 17 anos através da Torcida Furacão Santista. Como boa parte da juventude de sua geração, Quinho foi ativo militante da política estudantil, no movimento secundarista. Depois, já servidor público, foi dirigente sindical “Durante o regime militar, a participação em torcidas organizadas era a única sociedade que podia se reunir sem ter nenhum problema com a polícia”, afirma. Mas seu negócio era mesmo o futebol.

Motivado pela trabalho na torcida do Santos, começou a frequentar Mauá com mais intensidade, foi quando conheceu Clóvis Volpi, um dos principais líderes esportivos de Mauá naquela época. Com Volpi, Quinho iniciou sua trajetória na liga Mauaense de Futebol como Secretário Geral, em 1983.

Em 1986, cumpriu provisoriamente a presidência da entidade em companhia de Carlos Alberto Dentine, com o qual comporia a vitoriosa chapa nas eleições da liga em 1987. A dupla Quinho presidente e Dentini vice comandou a LMF até o final de 1989. Em seu retorno ao comando da liga mauaense em 1997 cumpriu mandato mais longevo da história da entidade, superando Aparecido Sanvidotti (Quinho ficou entre 1997 e 2013 à frente da liga).

Quando saiu da liga em 2013, Marco Capuano assumiu o Grêmio Mauaense para uma nova experiência em sua trajetória no esporte, dessa vez no futebol profissional. Mas é ainda muito atento às coisas da várzea, onde reforça o conceito de que “o futebol amador passa por uma grande crise, uma vez que os campos, as praças esportivas estão cedendo lugar para os empreendimentos e especulação imobiliária e com o fim dos campos, findam também os times, jogadores, torcida e a opção de lazer popular que é o futebol”. Para ele, os espaços destinados à prática do futebol estão acabando e com isso, o próprio futebol amador.

Quinho Capuano é a melhor expressão de um “cartola” necessário para o futebol. Não foram um, dois ou três domingos que Capuano deixou a família pra cuidar dos assuntos do futebol, mas anos, décadas. E graças a gente como ele que o futebol continua na várzea, firme e forte alegrando multidões e comunidades inteiras. Ainda sobre o fim dos campos, Quinho faz um alerta importante: “quem perde com o sumiço dos campos é a própria sociedade, que deixa de contar com um espaço de lazer e recreação, geralmente em lugares onde o poder público pouco ou nada fez para oferecer à essa população”, resume.

Marco Antonio Capuano, o popular “Quinho”, em imagem do final dos anos 80. Foto: acervo pessoal de Daniel Alcarria. Data: 1987.
Marco Antonio Capuano (em destaque) posado com a equipe profissional do Grêmio Esportivo Mauaense. Foto: acervo pessoal de Daniel Alcarria. Data: 2017.
Daniel Alcarria, Quinho Capuano, Carlos Alcarria, Zuza e Renato Donisete em jogo do Grêmio Mauaense pela segundona de 2018. Foto: acervo pessoal de Daniel Alcarria. Data: 2018.