Em todos os campeonatos de futebol no Brasil, seja no profissional ou no amadorismo, a denominação “Pelé” dada a atletas e jogadores é comum, sendo a homenagem ao rei do futebol muitas vezes considerada como uma espécie de “maldição” no esporte. A explicação é muito simples: todo jogador que em regra é comparado ou nominado Pelé, talvez pelo peso ou responsabilidade do fato, não prospera no futebol.
Mas como diz o ditado, “para toda regra existem as exceções”, conforme demonstra a trajetória do nosso personagem da semana, José Donizete Santos Luz, o senhor Donizete Pelé, que começou como Pelezinho. Esse Ribeirãopirense de nascimento e mauaense de coração vive na cidade desde 1966, quando chegou com seus pais e mais três irmãos ao lugar onde faria história no futebol. Em Mauá foram residir no Parque das Américas.
Como todo adolescente da época, divertia-se em jogar bola nos inúmeros campos existentes no Parque das Américas, muitos dos quais terrenos abertos transformados em “arenas” pelos moleques do bairro. Desses jogos de brincadeira é que surgiu o apelido, pois “quando eu comecei a jogar era considerado o bom da minha vila, então os colegas começaram a me chamar de Pelezinho camisa 10”, relata Donizete.
Donizete, Pelé, Benetti e Donizete
No time do Parque das Américas FC (o primeiro que jogou), o então camisa dez foi sendo percebido como um jogador de boa marcação, resistência e impulsão, firmando-se durante o decorrer da carreira como um bom médio volante. Da camisa cinco, logo depois virou definitivamente quarto-zagueiro, onde também destacou-se. Foi com a camisa número 4 que Pelé ganharia seu mais importante título.
Com o tempo, Pelé foi sendo substituído por Donizete até que José Benetti (aquele mesmo, o autor do gol do Vasco da Gama em 1969 no jogo em que Edson Arantes do Nascimento anotaria seu milésimo tento, no Maracanã) pediria para que mudasse o nome de Pelé para Donizete. Benetti era técnico do Grêmio Mauaense e dissera para Donizete que “Pelé só teve um”. Ficou Donizete até hoje.
Os times, os títulos
Conforme citado, Donizete começou jogando pelo time do bairro em veio morar, o Parque das Américas, com breve passagem pelo time da empresa Philips. Em 1974 realizou testes no amador do Saad de São Caetano, jogando depois por times amadores como o Vila Sá (Santo André), Santa Cruz (Mauá), EC Cerâmica (Mauá), Vila Gomes (Ribeirão Pires) e Máquina MG (Santo André). No futebol profissional, só jogou pelo Grêmio Mauaense (1982 a 1988), onde foi campeão paulista da Série A3 (1985) e da Taça Diário do Grande ABC em 1987. No amador, foi campeão das indústrias pelo Saad e em 1978 levantou o troféu de campeão mauaense pelo Santa Cruz, do Parque das Américas.
Personalidade
Graduado em Educação Física pela Universidade de Mogi das Cruzes, o que lhe permitiu uma breve experiência como treinador do Grêmio Mauaense em 1996, Donizete ainda tem vínculos com o futebol, atuando na formação de jovens atletas em projetos sociais. Sobre o atual estágio da várzea, onde teve início toda sua trajetória, José Donizete tem algumas ressalvas. Para ele, “a várzea de ontem era um local onde as pessoas iam se divertir, liberar as tensões acumuladas no dia a dia, onde era saudável competir. Hoje, como diria o lendário técnico Francisco Sarno, O futebol é a dança do diabo, basta um cutucão para o jogador explodir, não é mais prazeroso, mas sim um meio de vida”, define.
José Donizete Santos Luz é casado com a professora Derli Francelli, que além do magistério também atua como enxadrista. Tem dois filhos e recentemente entrou para o time dos “vovôs” com o nascimento do primeiro neto. Por fim, com todo respeito ao Rei Pelé, os aplausos dessa vez vão agora para a brilhante trajetória do Donizete.