Memórias do futebol mauaense: Silvia Regina de Oliveira

Daniel Alcarria

Daniel Alcarria

31 de Julho

Desde o início das “Memórias do futebol mauaense”, abordamos nesta coluna do jornal Imprensa ABC um breve perfil históricos-biográfico de jogadores, dirigentes, grandes personagens do povo da cidade e do esporte local. Mas não só de jogadores, cartolas ou torcedores é feito o futebol, pois para além e junto deles, a figura imponente do “homem de preto”, sua senhoria, o arbitro (ou juiz, no popular) também se faz presente. Mauá produziu grandes jogadores e excelentes times, mas também deu grande contribuição para a “regra 5”.

Nas leis do futebol, a regra 5 significa a arbitragem, o trio responsável pela aplicação da regra do jogo numa partida de futebol. E a grande contribuição de Mauá para a história da arbitragem foi justamente protagonizada por uma mulher, Silvia Regina de Oliveira. Nascida em Mauá no dia 19 abril de 1964, Silvia superou barreiras e preconceitos para tornar-se pioneira no apito brasileiro e mundial. O curioso é que seu primeiro curso para arbitro foi realizado na cidade, numa promoção da Liga Mauaense de Futebol em 1980.

Pioneirismo no apito

Silvia entrou para a arbitragem meio que “por acaso”, já que seu objetivo era o jornalismo esportivo. O curso de arbitro deveria ser um suporte para a carreira na imprensa, mas acabou por destacar Silvia Regina e uma trajetória com mais de mil partidas apitadas entre 1982 e 2007 quando se aposentou. Seu primeiro jogo oficial entre profissionais foi no final dos anos 90, Jabaquara e Comercial de Registro pela Segunda Divisão.

Somente em 1997 é que Silvia Regina passou a integrar o quadro de árbitros oficiais de São Paulo. No entanto, apenas em 2002 é que passou a dirigir partidas profissionais de homens. Em São Pulo, no campeonato paulista de 2003, Silvia foi a pioneira mulher a apitar pelo estadual em mais de 100 anos de história.

Depois, em 30 de junho de 2003 Silvia, assistida pelas bandeirinhas Aline Lambert e Ana Paula Oliveira, consagraria aquele dia que seria a primeira partida do Brasileirão com uma equipe de arbitragem totalmente feminina. Foi também a primeira e única mulher a apitar partida de um torneio da Conmebol (Santos 1×1 São Caetano, pela Copa Sul-Americana de 2003).

Hoje aposentada do apito, a funcionária pública municipal de Santo André Silvia Regina de Oliveira fez parte da Comissão de Arbitragem da Federação Paulista de Futebol (FPF), instrutora da CBF, CONMEBOL e FIFA. Seu pioneirismo mais recente é o ser instrutora VAR (árbitro de vídeo) a partir de 2019 e a primeira mulher a ser observadora de VAR pela CBF e FPF.

Também apitou campeonatos mundiais e no torneio de futebol feminino nas Olimpíadas de Atenas, em 2004.

Silvia Regina Oliveira em ação nas Olimpíadas de 2004, em Atenas. Foto: Divulgação. Data: 2004.
O trio Ana Paula, Silvia Regina Oliveira e Aline Lambert em histórico momento do futebol brasileiro naquela tarde de Campinas. A jovem mauaense que superou barreiras e venceu preconceitos, continua sua trajetória de pioneirismos pelos campos de futebol do Brasil e do mundo. Foto: Acervo do site Terceiro Tempo, seção “Que Fim Levou”. Data: 2003.