Memórias do futebol mauaense: Francisco Martins de Queiroz “Ceará”

Daniel Alcarria

Daniel Alcarria

21 de Agosto

No folclore do futebol, a solitária figura do goleiro é a representação particular, dentre os onze jogadores que compõem um time dentro de campo, de uma grande diversidade de frases, estórias, resenhas, nomenclaturas, lendas e teorias que envolvem o apaixonante “ludopédio”. Goleiro, arqueiro, golquipa, guardião, quíper, porteiro, guarda-metas, guar-da-redes, são vários os nomes para identificar essa emblemática posição.

Dizem no popular que “no lugar em que ele joga, nem grama nasce”, tamanha dificuldade encontrada pelo camisa 1 para o exercício de sua função no campo do jogo. Como todo grande time começa por um grande goleiro, em sua homenagem foi até instituído dia (o Dia do Goleiro é comemorado em 26 de abril, data de nascimento do grande arqueiro brasileiro Manga).

Para uma cidade que sempre apresentou grande jogadores, bons times, treinadores, profissionais e amadores com grandes histórias no futebol, assim também não poderia deixar de acontecer com os guarda-metas mauaenses, dentre os quais destacamos a figura exponencial de Francisco Martins de Queiroz, o popular “Ceará”.

O dono da pequena área

Francisco Martins de Queiróz nasceu em 20 de março de 1958 na pequena cidade de São Miguel, município potiguar localizado na divisa dos Estados do Rio Grande do Norte e Ceará. Antes de vir morar em Mauá, onde chegou em 01 de janeiro de 1978, jogou futebol na tradicional equipe do Guarani de Juazeiro do Norte (CE). No “Leão do Mercado”, Francisco Martins “Ceará” atuou durante três anos, quando decidiu vir tentar a vida em São Paulo.

Antes de tentar a vida em São Paulo, foi sondado pelo Fortaleza, mas os pais o impediram de seguir o sonho de ser goleiro profissional na capital cearense. Em busca de emprego e evolução pessoal, com vinte anos de idade estava na capital paulista e um mês depois, chegava à terra da porcelana; aqui logo conseguiu emprego e um time para jogar futebol.

Esse time foi o EC Santa Cruz, do Parque das Américas, onde Ceará foi campeão logo no primeiro campeonato que disputou em Mauá, em 1978. No ano seguinte, repetiu o feito, dessa vez com o Mocidade do Zaíra e foi bicampeão mauaense, sendo o goleiro menos vazado da competição. No mesmo ano de 1979 foi convocado para a Seleção de Mauá, onde conquistou o título de campeão invicto da Copa João Ramalho. Outros times que jogou em Mauá: CA Vila Vitória, CE União, Atlético Mineiro, EC Cerâmica, Juá, Flor do Morro, AMPA e Industrial.

O Rei do acesso

Sua boa presença no futebol amador de Mauá o levou para atuar como profissional do Grêmio Mauaense; Ceará foi o primeiro goleiro da história do futebol profissional de Mauá, o primeiro goleiro do Grêmio Mauaense, o goleiro do primeiro jogo da história do clube, primeiro treinador de goleiros do clube e um sem número de pioneirismos numa trajetória brilhante enquanto futebolista local.

Atuou como goleiro profissional apenas no Mauaense (entre os anos de 1982 e 1983), quando prematuramente encerrou carreira para dedicar-se com entusiasmo e brilhantismo à carreira de preparador de goleiros. Nessa função, trabalhou no Grêmio Mauaense, Santo André, Linense, Portuguesa Santista, Penapolense, Nacional, Francana, Caldense, Santacruzense, Audax, Flamengo de Guarulhos e agora, o Ma-uá FC. Obteve a impressionante marca de oito acessos por diferentes clubes.

Casado com a dona Celeste Novais, Ceará tem dois filhos (Tiago e Natalia) e uma densa trajetória, com histórias que o transformam num dos maiores goleiros de Mauá. Sua história não se resume às poucas palavras aqui descritas. Seu grande ídolo, inspiração para o difícil oficio de goleiro foi Haílton Corrêa de Arruda, o lendário goleiro brasileiro que atendia pelo apelido de Manga.

O goleiro Ceará em atuação com a camisa 1 do Grêmio Mauaense numa partida contra o Itapira válida pelo campeonato Paulista da Terceira Divisão, no campo do Cerâmica. Acervo pessoal de Francisco Martins de Queiróz. Data: 1982.
EC Santa Cruz campeão mauaense de 1978 no dia da decisão, no campo do Cerâmica. Da esquerda para a direita Gordinho (massagista), Zé Mauá (Diretor), Sebastião, Zuza, Silvio, Pelezinho, Ceará, Julião e Jerônimo; agachados: Eder (Diretor), Luizinho, Café, Miro, Vadão, Zé Lambido, Beto Fuscão e Cascão. Foto: Acervo pessoal de Francisco Martins de Queiróz. Data: 1978