Memórias do Futebol Mauaense: Samuel Roberto de Aguiar

Daniel Alcarria

Daniel Alcarria

22 de Dezembro

Alô brava gente brasileira, é show de bola! Com o trilo do apito do árbitro, tem início mais uma jornada de futebol por qualquer campo dessa terra que produziu, dentre tantos craques pelos estádios a desfilar, as feras do jornalismo e da narração esportiva especializada no esporte bretão. Na cancha, foram muitos os nomes que construíram nossa história “futeboleira”; na “latinha”, craques da estirpe de Osmar Santos, Milton Neves e Roberto Silva direcionaram sonhos que transformaram o personagem Samuel numa das maiores vozes do nosso futebol local.

Natural de Santo André, Samuel Roberto de Aguiar é o sétimo filho de um total de oito irmãos do casal Sr. Geraldo e dona Julia Sebastião; chegou a Mauá no início dos anos 1990, onde estabeleceu família e construiu sólidas relações sociais, em especial no campo da política e no futebol através do rádio, sua paixão (além do Corinthians, é claro!).

Mas antes de tornar-se conhecido nos meios esportivos pelo seu talento com as narrações, Samuel Roberto literalmente rodou o mundo para manter o sonho de ser radialista, conciliando trabalho e a expectativa de uma vida melhor no rádio. Trabalhou em fábrica de caixotes de madeira, office-boy, auxiliar administrativo, loja de material de construção, foi marreteiro e depois empresário do ramo de locação de vídeos. Por indicação de Milton Neves, Samuel trabalhou por algum tempo na Rede Zacharias de Pneus e Acessórios automotivos.

Paixão pela Comunicação Esportiva vem desde criança

Forjado numa época em que não haviam as facilidades advindas com a internet, Samuel Roberto tinha por sorte uma banca de jornal inteira à sua disposição (o pai Geraldo era proprietário de uma banca no Bairro Bangu), onde devorava os jornais e revistas especializadas em esportes, como a Placar e a antiga Manchete Esportiva. E com isso ia tomando gosto pela coisa e ampliando cada vez mais seu repertório de informações e conhecimentos esportivos.

Seu primeiro aparelho radiofônico foi um velho modelo (famoso à época) Motorádio Marrom, que acabou por ser transformado em seu passatempo predileto. A partir de então, começa a tomar gosto pelas transmissões esportivas tendo como principais referências os grandes nomes do jornalismo esportivo nacional e regional: Osmar Santos, Fiori Giglioti, Haroldo Fernandes, Flávio Araújo, Luciano do Valle, Silvio Luiz, Rolando Marques, Jurandir Martins, João Saldanha, Roberto Silva, Milton Neves, Cajuru e muitos outros.

Suas primeiras experiências na rádio transmissão esportiva ocorreram como “brincadeira de criança”, quando Samuel e amigos “narravam” os jogos de rua do bairro. Dessas brincadeiras nasceu uma rádio construída com um gravador cedido e um jornalzinho manuscrito. Samuel Roberto não imaginava que daquele momento em diante teria início uma bela trajetória no rádio e na narração esportiva regional e nacional.

Seu batismo “oficial” numa rádio de grande porte ocorreu no início dos anos 1980, quando foi trabalhar como Rádio Escuta (plantão esportivo) na Jovem Pan; sob o comando de Milton Neves, Samuel fez bom papel na Pan e estreitou vínculos com o “Cabeção de Muzambinho”. E daí seguiu pelas ondas do rádio: Radio ABC (1984/85), onde foi setorista do EC São Bernardo, Rádio Clube de Santo André (atual Trianon), Rádio Tupy, Rádio Mauá, Barão FM, Positiva, Jovem FM, Studio A, Nova Opção, Radio Z e outras. Na comunitária Z FM de Mauá, Samuel comandou um dos mais longevos programas esportivos do ABC, o “Show de Bola”.

Na TV, além de estar atualmente inserido nos quadros da FPF TV (que transmite os jogos das séries A2, A3 e Segunda Divisão de Profissionais do campeonato paulista pela plataforma Mycoojo), Samuel Roberto passou pela TV São Caetano e TV Mais, sempre abordando o futebol e os esportes em geral.

Alô, alô brava gente brasileira, é show de bola

Samuel Roberto cobriu várias competições esportivas e inúmeros campeonatos de futebol pelo Brasil afora, mas criou seus vínculos e se estabeleceu em Mauá. Na cidade, transformou-se em referência na cobertura do futebol amador e profissional, tendo como referência a saudosa figura do Sr. Joaquim Fotógrafo que lhe contava com saudosismo sobre os grandes jogos e os extintos campos de futebol de Mauá dos anos 1960 e 1970.

Conforme as palavras do próprio Samuel Roberto, “é preciso acreditar, apoiar e valorizar nosso trabalho”, um trabalho de respeito à memória e à tradições do nosso futebol, da nossa gente, de nossa brava gente brasileira que sonhou um dia em jogar ou narrar uma partida de futebol. Samuel Roberto de Aguiar tem uma filha (Juliana Sousa de Aguiar), motivo maior de sua inspiração para as jornadas pelos campos da vida.

Samuel Roberto de Aguiar e o eterno ídolo vascaíno Roberto Dinamite na fatídica final da Copa João Havelange entre São Caetano e Vasco da Gama. Samuel presenciou in loco uma quase tragédia no Rio de Janeiro. Foto: Acervo pessoal de Samuel Roberto de Aguiar. Data: 2000.
Samuel Roberto de Aguiar em atuação na cabine de imprensa do Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi. São Paulo e Ponte Preta duelaram pelo campeonato brasileiro. Foto: Acervo pessoal de Samuel Roberto de Aguiar. Data: 1999.
Uma trajetória de grandes serviços prestados à comunicação, aos esportes e ao povo de Mauá. Acervo pessoal de Samuel Roberto de Aguiar. Data da Digitalização: 2020.