Memórias do futebol mauaense: Edson Antonio da Costa, o “Réco”

Daniel Alcarria

Daniel Alcarria

12 de Fevereiro

A existência duradoura de um clube de futebol de várzea, com suas conhecidas dificuldades relacionadas à falta de dinheiro, problemas com fardamento, diminuição da quantidade de campos para os jogos e outros fatores, além da “profissionalização” das relações entre os times e os jogadores (esse fenômeno um pouco mais recente), resulta também da luta e abnegação de seus idealizadores em permanente interação dessas pessoas com suas comunidades, unidas nas beiras dos campos através do jogo de bola e para além dele.

Conhecida por sua grande quantidade de clubes, o futebol amador de Mauá apresenta diversos exemplos de abnegação de pessoas e grupos que se reúnem em torno do seu time de futebol do bairro, caso de Edson Antonio da Costa, o popular Réco do Clube Atlético Itapeva. A equipe grená do Itapeva tem a mobilização popular como marca de sua história, cujo exemplo é a própria construção do time e do seu campo, aterrado por meio de mutirão no qual participaram vários moradores locais. Ou seja, a equipe grená já nasce como uma manifestação popular protagonizada por antigos moradores do bairro em busca da criação de espaços de lazer e entretenimento, tão escassos à época (o clube foi fundado em novembro de 1965).

A trajetória do dirigente Réco tem inicio ainda em sua juventude, como torcedor da equipe. Natural de Mauá, Edson Réco nasceu em oito de novembro de 1972 e reside no Jardim Itapeva desde praticamente quando veio ao mundo, residindo no mesmo lugar há exatos 48 anos. Estudou na escola do bairro (EE Irene da Silva Costa) e depois, no SESI do Jardim Adelina.

Réco futebol e familia

Conforme citado, o comerciante Edson Réco tem profundas raízes com o bairro e com o clube, no qual iniciou como torcedor ainda em meados dos anos 1980. Réco também jogou nas categorias de base do clube, mas sua condição era mesmo para torcedor e dirigente, onde construiu boa parte de sua trajetória de destaque.

Encerrada em 1991 sua breve passagem pelo campo de jogo, Edson Réco foi convidado pelo Sr. Ivair da Silva, o Nóca, presidente do clube à época, para compor a diretoria. Aprovado por seus pares, assumiu em 2007 a presidência do CA Itapeva, onde permanece até hoje à frente da agremiação.

Suas principais recordações com o time do coração foram os títulos da 1ª divisão em 2000 (ainda na condição de torcedor-diretor) e em 2019, com a conquista de outra taça da principal divisão da várzea mauaense, já no comando do clube.

Edson Antonio da Costa vivenciou dois momentos distintos do futebol varzeano: aquele do passado, onde o jogador era um morador do bairro e jogava por diversão e amor às coisas de sua terra, de seu bairro e da sua gente e o que temos na maioria dos times nos dias de hoje, uma “várzea profissional” com clubes e jogadores movimentando estruturas que em muito se identificam com modelos adotados por clubes de futebol profissional.

Mas isso não importa para Edson Antonio da Costa, uma vez que clubes com tradição e boa interação com suas comunidades ainda persistem, caso do campeão CA Itapeva do Réco, o filho do seu Divino, da dona Maria e dos irmãos Agnaldo, Leandro e Vanda, apoiadores e incentivadores dos sonhos do filho dirigente de futebol. A esposa Denise Nascimento e a filha Nicole são o suporte necessário para que Réco continue brilhantemente representando sua comunidade e mantendo vivas as melhores tradições do Clube Atlético Itapeva em seus quase 56 anos de existência no futebol amador de Mauá.

O presidente do CA Itapeva (atual campeão da 1ª Divisão do futebol amador de Mauá) com o jornalista Daniel Alcarria na ocasião da entrevista. Foto: Acervo pessoal de Daniel Alcarria. Data: 2021.