Bolsonaristas x Comunistas, essas são as classificações mais citadas em conversas políticas em bares, almoços de família e agora até no novo aplicativo Clubhouse.
Mas limitar o debate político a essas duas classificações é reduzir a política a meras lideranças populistas. De um lado, o atual presidente Bolsonaro, um engodo que se vestiu de liberal desafiando o sistema e prometendo acabar com a corrupção, do outro o ex-presidente Lula, com discurso socialista que também se opunha ao sistema e garantiu extinguir a corrupção. Na prática, os opostos têm mais coisas em comum do que poderíamos imaginar. Fato é que estas figuras não representam em nada os anseios da maior parte da população.
Em tempos de lacração ou de cancelamentos virtuais, o debate propositivo fica deixado de lado. Os assuntos sempre estão relacionados às disputas eleitorais, parece que só existe política quando existe eleição e na verdade a política deveria ir muito além disso.
Estabelecer debates que tenham o objetivo de construir consensos em benefício de melhorar a vida dos cidadãos deveria ser um exercício prático e diário de cidadania, assim ficaria cada vez mais claro as incoerências de figuras políticas que se apresentam com uma estampa lapidada por “marqueteiros”, mas que na prática promovem o inverso daquilo que nos vendem.
O fato é que se o debate político propositivo não parte dos políticos com mandatos, cabe a nós, cidadãos comuns promover essa discussão. Sem cores partidárias, sem antagonismos desmedidos e muito menos servindo de massa de manobra em pautas que tem por trás apenas interesses de políticos que em sua essência não beneficiam os cidadãos.
Enfim, uma pessoa pode ter um pensamento pró-mercado e entender que o estado tem o papel fundamental de suportar o cidadão em vulnerabilidade. Pode ser um liberal clássico e ser contra a regulamentação da maconha. Pode ser um socialista e entender a importância do empreendedor no desenvolvimento econômico do país. Pode ser um moderado e mesmo assim ter convicções claras. Incoerência? Por quê? Se estiver embasado em conteúdos que propiciem ter estas convicções, tudo bem. A política deve aproximar os pensamentos diversos para a formação de consensos e não distanciar as pessoas que tem convicções diferentes. Empatia, respeito, tolerância e disposição para aprender com o outro são sempre bem-vindos: na vida e na política.
Alan de Camargo
Empreendedor, Líder do Movimento Livres, RenovaBR e da Rede Global de Empreendedorismo em São Caetano, Colunista do Jornal Imprensa ABC, membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico de São Caetano do Sul e membro do CID (UNESCO).