A quem interessa o impeachment?

Organizados por movimentos sociais e partidos de esquerda, os atos de rua contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) realizados nos últimos meses Brasil afora vêm ganhando público e encampando um discurso antibolsonarista que hoje é majoritário no Brasil segundo as pesquisas de opinião.

Uma das pautas dos manifestantes é o impeachment do presidente da república. Demanda perfeitamente aceitável dentro do jogo democrático ainda mais se tratando de um governante que já cometeu série de crimes de responsabilidade, mas a grande questão que fica é: a quem realmente interessa o impedimento de Jair Bolsonaro?

Aparentemente ao PT e ao seu líder maior, o ex-presidente e pré-candidato novamente ao cargo, Luiz Inácio Lula da Silva que não é. Com dianteira sólida nas pesquisas (algumas até indicam vitória no primeiro turno), interessa muito mais ao petista que Bolsonaro chegue fraco e cambaleando nas eleições do que ele fora do jogo, abrindo espaço para novo nome sem a rejeição do atual mandatário.

A chamada 3ª via, que engloba um embrião de aliança que vai do PDT de Ciro Gomes ao DEM de Luiz Henrique Mandetta sofre ao não emplacar nacionalmente nenhum nome para o contraponto ao ex-presidente e ao atual. Seus quadros testados contam com desempenho nanico nas pesquisas. Nesse caso, para eles, um Bolsonaro inelegível e impichado cairia bem, já que a tendência é que o eleitor órfão do presidente exerça com ênfase o voto antipetista. Mas será que esses partidos teriam força e disposição para protagonizar mais um processo de impeachment? O segundo em meros 5 anos?

Muita água vai rolar embaixo da ponte das eleições de 2022. Nem Lula está eleito de véspera, nem a 3ª. via está fracassada e tampouco Bolsonaro é carta fora do baralho. Eleição agora só gera assunto e ansiedade na classe política e nos jornalistas. Ainda é algo longe de ser uma prioridade para a grande massa dos brasileiros.

Caio Bruno é jornalista e especialista em Marketing Político. Contato: caio.cbruno@gmail.com