Reginaldo Prandi, nos traz neste livro histórias dos deuses africanos, que vieram para o Brasil com os escravos.
Conta ele, que vivia num povoado africano um adivinho chamado Ifá. Ele lia a sorte das pessoas, através de dezesseis búzios mágicos numa peneira.
Ifá ensinava as pessoas como resolver suas dificuldades, mas o que mais gostava era ajudar seus consulentes a se defender da morte. Quando ela estava por perto, Ifá avisava e ensinava como mandar a morte embora.
Com o tempo, a morte foi se irritando com Ifá, que vivia atrapalhando-a e passou a persegui-lo. Se ela conseguisse acabar com o adivinho, as pessoas ficariam à sua mercê. Por isso Ifá recebeu ajuda para escapar da temida morte.
Nesta narrativa encontramos Euá, Oxossi, Ogum, Xangô, Oxum, Exu, Oxalá, entre outros.
Existe aqui rico conteúdo sobre os personagens míticos africanos, pois Prandi, como sociólogo, professor de sociologia, grande estudioso e pesquisador sobre sociedade, cultura brasileira e mitologia afro-brasileira, tem plenas condições de pulverizar este conhecimento com maestria.
Ele trata toda a narrativa com leveza e humor, o que possibilita ao leitor se aproximar deste tema ainda temido pela maioria das pessoas, que é a morte, sem dificuldade.
Pedro Rafael, que é artista plástico, restaurador e ilustrador, traz à obra muita beleza através de sua arte.
No final do livro podemos nos familiarizar com os orixás cultuados pelo povo africano chamado iorubá, através de uma generosa lista com sua descrição. Além disso, Prandi também conta como os negros africanos trouxeram para o Brasil seus deuses, e refizeram sua religião, que chamamos de candomblé.
Como sempre, Reginaldo Prandi traz conteúdo riquíssimo para quem quer mergulhar neste universo tão belo e profundo, que é o culto aos orixás.
Os contos foram compilados por Florence Sakade.