República em Decomposição

A justiça eleitoral, através do tribunal superior eleitoral, rejeitou esta semana o pedido de cassação da chapa de Bolsonaro na eleição de 2018 pelos disparos em massa de notícias fraudulentas. Enquanto isso, continuam parados mais de 100 pedidos de impeachment na mesa do presidente da câmara dos deputados.

Bolsonaro participa sistematicamente de inúmeros atos escabrosos: a suspeita da coordenação do esquema de rachadinhas, assistência ao projeto macabro da Prevent Senior, os constantes ataques às vacinas e as medidas sanitárias, inclusive sugerindo que a imunização causa AIDS, seus constantes discursos golpistas, completamente explicitados, nos eventos do dia 07 de Setembro e a condução da pandemia, que levou as acusações de genocidio.

E qual a resposta das “instituições”, força gelatinosa e flácida da república em decomposição? Nenhuma! No máximo uma ou outra nota de repúdio e um discurso a favor de uma “democracia” abstrata. Um acinte ao povo brasileiro. O que demonstra claramente o caráter de classe das instituições (representantes da classe dominante brasileira) e a fragilidade da “democracia” no Brasil.

A questão é que a burguesia brasileira aproveita todo esse cenário para passar um atrás do outro os seus ataques contra a soberania nacional e as condições de vida da classe trabalhadora, utilizando as instituições, seus tradicionais aparelhos de atuação e Bolsonaro.

Nos últimos dias, inclusive, alguns meios de comunicação e setores do congresso nacional chegaram a defender que era muito “forte” ou “desproporcional” usar a palavra genocida para designar a atuação do governo federal na pandemia. Com isso, ensaiam um possível apoio a Bolsonaro ano que vem, se o desenho da eleição se mantiver e a tal terceira via não decolar. Assim já se preparam para falar da “difícil escolha” e se esquivarem do título de apoiadores de um genocida.

Cada dia mais acreditar em uma república nos moldes das democracias liberais ocidentais, parece ser um sonho numa noite de verão…

Max Marianek
Graduado em História pela CUFSA
Graduando em Biblioteconomia pela USP