Nos últimos dias venho pesquisando alguns jornais nacionais dos anos 60 no século XX e está sendo uma experiência bem interessante. O que salta aos olhos é como estava presente no debate público as noções de Revolução Brasileira e Nacionalismo.
Isto também é perceptível ao realizar uma rápida observação na bibliografia da época, circulavam livros como a Revolução Brasileira de Caio Prado Jr., Introdução a Revolução Brasileira de Nelson Werneck Sodré, Mito e Verdade sobre a Revolução Brasileira de Guerreiro Ramos, entre outros.
Intelectuais de diferentes correntes teóricas e políticas se debruçaram sobre o debate do caráter e os rumos das transformações que a sociedade brasileira demandava (e demanda até hoje) e de como o nacionalismo possuía um conteúdo anti-imperialista.
A esquerda brasileira pré-64 tinha um mérito importantíssimo: colocar no centro do debate as mudanças estruturais que o país necessitava e a articulação destas transformações com a revolução brasileira. O caráter destas modificações seriam democrático-burguesas, de acordo com as formulações hegemônicas da época.
Porém, a esquerda pós-ditadura, argumentava ser necessário criticar as formulações desta “velha esquerda” e com isso abandonaram além do conteúdo democrático-burgues, a própria noção de revolução brasileira, e adotaram um programa extremamente rebaixado que se realizou em um projeto de conciliação com as classes dominantes.
Podemos hoje perceber as limitações das propostas democrático-burguesas, mas a esquerda pós-ditadura abandonou qualquer perspectiva de alteração estrutural, o máximo de suas formulações foram as famosas “políticas públicas”.
Por isso é extremamente positivo vermos retornar ao debate público o tema da Revolução Brasileira, e de propostas que pensem modificações significativas, resgatando o ponto mais positivo da esquerda pré-64.