Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas é nossa Cora Coralina. Ela nasceu em 1889 em Villa Boa de Goyaz, hoje Goiás, e viveu até 1985.
Escrevia desde mocinha, mas seu primeiro livro foi publicado em 1965, quando estava com 76 anos.
Em prosa e poesia ela nos mostra seu olhar observador para tudo que a cercava, sem nunca deixar de revelar seus sentimentos, alguns alegres e outros dolorosos. Cora é intensa, profunda e delicada na sua escrita e não podia faltar para o público infantil.
Este livro se faz com doze textos que nos remetam à sua infância. Temos aqui Cora menina, sensível, a se destacar num meio que nem sempre a compreendia.
Aqui estão Bem-te-vi…Bem-te-vi; A menina, as Formigas e o Boi ( meu preferido, pois mostra a menina em que já se esboçava o espírito de uma escritora, pela sua forte imaginação, grande potencial criativo, poder de observação e sensibilidade ); “Ô de Casa!”; Sequências; Dona Otília; Os Gatos da Minha Cidade; O Mandrião; Imaginários de Aninha (A Roda); Antiguidades; A Fala de Aninha ( É Abril…); Lembranças de Aninha (Os Urubus); O Boi de Guia.
São textos muito agradáveis de ler, que nos levam pra onde Cora Coralina quer. Ela nos envolve e nos guia por uma infância com amigos imaginários, medos, brincadeiras, num ambiente familiar de tradições dos tempos idos.
A narrativa é embelezada pelas ilustrações de Eva Furnari, que também assina o projeto gráfico do livro.
Furnari é designer gráfica e ilustradora. Nasceu em São Paulo em 1976. E sobre o processo de ilustração deste livro ela relata: “A partir de elementos muito concretos, as Lembranças de Aninha me levaram a lugares de extrema subjetividade.”
Mais uma vez recomendo Cora Coralina, uma mulher que escrevia em meio a uma vida árdua e também poética, que soube direcionar para onde quis o seu viver. Deixa um belo legado, que não se pode esquecer.