Nas últimas pesquisas eleitorais desta semana, com a desistência da candidatura de Sérgio Moro, vários votos de bolsonaristas semi-arrependidos voltaram para o seu leito inicial, foi o maior salto de Bolsonaro nas pesquisas. Porém, mesmo antes deste movimento de Moro, Bolsonaro já vinha resgatando sua popularidade, uma recuperação lenta e gradual.
Diversos fatores podem explicar esse crescimento, como por exemplo o controle da máquina federal o que possibilita uma ampla cooptação de quadros políticos, além de farta liberação de verbas, podemos citar também os pagamentos do Auxílio-Brasil, além de uma diminuição do ritmo de degradação da economia ( quer dizer que estamos piorando de forma menos acentuada, porém continuamos piorando).
Outro fator parece essencial: a diminuição das lutas nas ruas. Ano passado, no auge das manifestações pelo Fora Bolsonaro, o presidente teve a sua maior rejeição e sua pontuação eleitoral mais baixa.
Porém, desde que diversas organizações de esquerda foram puxando o freio de mão em colocar suas forças nas ruas para priorizar os acordos de gabinete eleitorais, acordos muitas vezes despolitizadores, Bolsonaro foi recuperando sua popularidade.
É óbvio que a cobertura da grande mídia, instrumento das classes dominantes, terá um limite na crítica à figura do presidente, pois Bolsonaro, no ponto que realmente interessa a este setor, defende o liberalismo que eles tanto veneram. A este fator soma-se o já comentado controle da máquina federal que o presidente exerce e lhe dá ampla capacidade de manobra.
Por isso é necessário entender que 2022 não pode ser apenas um ano de eleição, mas também de luta nas ruas, explicitando todo o desastre que é o governo Bolsonaro, defendendo uma agenda de revogação das contra-reformas, das privatizações e a reestatização da Petrobras.
Imaginar que sem um amplo movimento de massas vamos conseguir derrotar o proto-fascismo é um grave erro.