Exposições marcam o aniversário do primeiro acervo dedicado à arte popular no Grande ABCD; painéis traçam a linha do tempo do museu e projetam avanços para o futuro
O Museu de Arte Popular (MAP) de Diadema celebra no dia 28 de outubro seus 15 anos de existência. Criado inicialmente como um ponto de cultura, em 2007, o equipamento foi o primeiro do gênero no Grande ABCD e chegou a ter um acervo de quase 1.000 peças, entre esculturas, pinturas, gravuras e xilogravuras. Após um longo período sem investimentos e com uma mudança de endereço que resultou em perdas no acervo, o MAP se prepara para reviver os anos de glória com a ampliação do espaço retomando seu tamanho original no piso superior do Centro Cultural Diadema (CCD).
O museu reúne obras dos mais importantes artistas populares do Brasil, como Aécio de Andrade, Cícero Lourenço, João Cândido da Silva, Lourdes de Deus, Odonagué e Waldomiro de Deus. Com foco na Arte Naif, nome dado aos trabalhos de artistas sem formação acadêmica, no MAP há também obras de autoria local, como Jerônimo Soares, Zé Pretinho e Geni Santos.
Sob coordenação de José Aparecido Krichinak, o MAP estreou nesta terça-feira (18), às 14h, a exposição ‘Trajetória, Cotidiano e Perspectivas’. São quatro grandes painéis que contam um pouco da história do museu, traçam uma linha do tempo e criam perspectivas para um futuro próximo. “Assim que a Biblioteca Olíria de Campos Barros for para o prédio da Secretaria de Educação, vamos ocupar todo o espaço e dividir o acervo em cinco temáticas: urbana, rural, fantástica, lúdica e religiosa”, explicou o coordenador.
Há também a expectativa de criação da Sala Orlando Matos, com obras do artista, além de trabalhos de outros artistas regionais. “A gente passou um período de oito anos muito difícil, sem recursos nem para exposições. Agora vamos retomando e queremos recuperar o trabalho de formação, de pesquisa, contar com um profissional de museologia, recuperar obras que foram danificadas e aumentar o acervo”, pontuou José Aparecido.
Uma emenda parlamentar de R$ 100 mil, já aprovada, vai custear a ampliação do acervo e aquisição de materiais expositivos. “Nós já procuramos duas galerias focadas em arte popular e tudo deve ser concluído até o início de 2023”, projetou o coordenador. “É muito importante e um privilégio termos um museu de arte popular na cidade. Cria nas pessoas, nas crianças, o hábito de conviver com a arte. E o MAP, assim como Diadema, é caloroso, acolhedor. Um espaço de convivência”, completou.
Histórico
O MAP foi criado em 2007. À época, estavam à frente do projeto Ricardo Amadasi, Andreia Alcântara, Igor Stepanenko e José Aparecido Krichinak. Em três processos de compras, com o recurso repassado pelo Ministério da Cultura, foram adquiridos trabalhos de artistas do Ceará, Pernambuco, Norte de Minas Gerais e Recôncavo Baiano, Sul de Minas Gerais, Interior e Litoral de São Paulo. O museu vivia seu melhor momento e tinha o maior acervo de arte popular do Estado de São Paulo.
Em 2015, o MAP chegou a mudar de endereço, sendo transferido do seu local de origem, o Centro Cultural Diadema (CCD), para um imóvel na Rua Professora Vitalina Caiafa Esquível, no Centro. À época, houve forte resistência do setor cultural da cidade, contrário à mudança. Em 2020, o equipamento retornou para a Rua Graciosa, 300, onde atualmente ocupa metade do espaço original. Nesse processo, obras foram danificadas e algumas foram perdidas. Atualmente, são cerca de 700 peças no acervo.
Andreia, que traçou sua vida profissional e acadêmica graças ao seu envolvimento com o museu, relembra as atividades educativas e culturais que realizou enquanto oficineira, seu interesse por pesquisa e arquivos de dados e seu envolvimento para manter o museu em seu local original. A pesquisadora se desligou das atividades junto ao MAP em 2015 e retornou em 2021.
“Em 2022, ano em que o museu completa seu 15º aniversário, posso falar de minha alegria em ter retornado, de poder retomar as atividades ligadas à pesquisa, à divulgação e ao educativo e, deste último posso destacar uma nova parceria com a Secretaria de Educação que, no ano que vem, contará com atividades de formação, a entrega para todos os estudantes da rede municipal de um álbum de figurinhas, um quebra-cabeças da obra de Jerônimo Soares e outro conjunto de pranchas para serem trabalhadas em sala de aula antes da visita ao museu”, afirmou.
O álbum de figurinhas citado por Andreia é fruto de uma parceria da Secretaria de Educação com o Consulado Geral da Itália. Alunos da rede trabalharam com um álbum de figurinha comemorativo sobre a história do pintor Rafael Sanzio, ou Raffaello, considerado um dos maiores nomes do Renascentismo, ao lado de Leonardo Da Vinci e Michelangelo.
Oito professores de arte passaram por uma formação, realizada pela Secretaria de Educação, para desenvolver processos, procedimentos artísticos e formas de abordar o trabalho do pintor com as crianças sob uma perspectiva pedagógica. O resultado foi uma exposição de trabalhos dos estudantes em releituras da obra do artista italiano. O álbum que está sendo produzindo pela Seduc vai ter as obras do MAP reproduzidas nas figurinhas.
Para Ricardo Amadasi, que no dia 6 de outubro estreou uma exposição de pinturas na abertura das celebrações do aniversário do MAP, o museu está pronto para viver novamente seu período de sucesso. “Voltando ao lugar de origem, penso que o Museu está pronto para viver uma grande fase, como foi no seu começo”, afirmou. As obras de Ricardo, na exposição ‘Brasil Livre’, estão em exibição até o dia 30 de outubro.
Serviço
15 anos do MAP
Exposição Trajetória, Cotidiano e Perspectivas
18 de outubro
Exposição ‘Um Brasil Possível’ – Ricardo Amadasi
Em exibição até 30 de outubro
Rua Graciosa, 300, Centro