“Não tendo o seu endereço, lanço estas palavras ao vento, na esperança de que ele as deposite em suas mãos. Admiro e amo você como a alguém que vive em estado de graça com a poesia. Seu livro é um encanto, seu lirismo tem a força e a delicadeza das coisas naturais. Ah, você me dá saudade de Minas, tão irmã do seu Goiás! Dá alegria na gente saber que existe bem no coração do Brasil um ser chamado Cora Coralina.” Escreveu Carlos Drummond de Andrade, em 14 de julho de 1979, para Cora.
Assim definiu Drummond, Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, que somente aos 76 anos de idade tem seu primeiro livro editado! E assim fica a marca de Cora Coralina, que não se filiou a nenhuma corrente literária, mas desenvolveu seu estilo próprio, uma poeta e uma grande contadora de histórias que descrevem o cotidiano, os causos, as inquietações humanas, num ambiente da velha Goiás.
Este livro traz uma seleção dos contos de Cora, feita por Dalila Teles Veras. São dezoito contos que nos envolvem e enternecem. Entre eles estão A Menina, as Formigas e o Boi, que gosto muito, pois conta sobre a menina Cora e fica claro que sempre foi uma poeta sensível de imaginação sem par. Também se lê As Capas do Diabo, Candoca, Medo, O Boi Balão, Ideal de Moça e mais uns doze contos.
Nas primeiras páginas encontramos a biografia de Cora Coralina escrita por sua filha Vicência Brêtas Tahan, rica em detalhes sobre a vida desta escritora tão admirada e respeitada pela sua ousadia em ser fiel a si mesma.