Ataques às Escolas

Na última semana, a comunidade escolar de São Paulo ficou chocada pelo ataque ocorrido na escola estadual Thomazia Montoro. Essa tragédia traz novamente à tona o debate sobre o aumento dos atentados às unidades de ensino e da violência nas escolas. Desde agosto de 2022, já ocorreram nove eventos similares pelo país.

Após o ataque, o governador Tarcísio declarou que pretende colocar um policial aposentado em cada escola do estado, uma proposta ridícula e pífia, um simulacro de resposta.

Primeiro, por ser ineficiente. Jovens que chegam ao ponto de organizar um ataque desse tipo não estão preocupados em ser presos ou mesmo mortos, como o massacre de Suzano deixou claro. Nesse episódio, ambos os atiradores, depois de executarem o atentado e matarem oito pessoas, se suicidaram na escola.

Outro caso, como o ataque à escola em Barreiras, na Bahia, ocorreu em uma unidade cívico-militar, onde havia diversos policiais, o que não inibiu o aluno que, inclusive, havia pego a arma do seu pai, um policial, para praticar o atentado.

Segundo, por encarar o problema de forma unilateral. O que devemos discutir é como ampliar os investimentos na educação, para que cada escola tenha diversos psicólogos, assistentes sociais, bibliotecários, dentistas, enfermeiros, alimentação saudável, uma política séria de esportes, etc., para conversar e trabalhar com esses jovens em diversas frentes, evitando que cheguemos ao ponto da ocorrência dos ataques e para prevenir diversos outros tipos de problemas sociais.

Abandonar os professores, direção e funcionários sozinhos, esperando que lidem com todo tipo de problema não irá solucionar nada. As escolas devem ser encaradas como centros sociais e culturais amplos, que recebem os alunos para desenvolver diversos aspectos e com uma política séria de prevenção do bullying.

Outro aspecto fundamental é a luta contra os discursos extremistas misóginos e racistas que circulam pela internet e na sociedade, pois os últimos ataques foram realizados, em sua maioria, por jovens do sexo masculino, brancos, que exteriorizavam opiniões racistas, xenófobas e misóginas. No atentado em Realengo, por exemplo, o assassino mirava especialmente na cabeça das meninas. Esses discursos, nos últimos anos, ganharam ainda mais força, conjugados a narrativas de adoração às armas.

Portanto, é um debate amplo e sério, não a caricatura que o governador Tarcísio pretende.

Max Marianek
Graduado em História
Funcionário Público