Estudo contou com propostas para melhorar a aderência dos pacientes ao tratamento médico
Propor novas abordagens para melhorar a aderência dos pacientes ao tratamento preconizado para dispepsias funcionais e gastrites foi o objetivo geral da pesquisa do médico Humberto Molinari, aluno do Mestrado Profissional em Inovação no Ensino Superior em Saúde da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Para a realização de sua pesquisa, além da revisão teórica, o pesquisador desenvolveu dois questionários pré e pós-vídeos orientativos, com possibilidades de respostas abertas e aplicado a 50 pacientes diagnosticados com dispepsia funcional ou gastrite. O estudo foi realizado no Ambulatório Regional de Especialidades de Saúde (ARES), ligado ao Hospital Regional Sul (HRS), um hospital público estadual, situado na cidade de São Paulo.
Humberto conta que seu trabalho se propôs a apresentar inovações na abordagem dos pacientes para a melhoria do atendimento ambulatorial, fator esse previsto nas Diretrizes do Ministério da Saúde. O objetivo foi ofertar aos pacientes textos e vídeos orientativos. Além disso, acreditou-se que após o fornecimento dessas ferramentas orientadoras aos pacientes os mesmos adquirissem informações suficientes para melhorarem a aderência ao tratamento das patologias gástricas elencadas. “Nossa preocupação foi verificar se o distanciamento entre uma consulta e outra provocava dificuldades para os pacientes na condução do tratamento clínico de algumas patologias (também levando-se em conta todos os problemas de logística consequentes da pandemia do COVID-19) e no que isso influenciava”, explica o médico.
Sobre o local onde realizou a pesquisa, Humberto Molinari explica que trata-se de um hospital público estadual, situado na cidade de São Paulo, atende de 120 a 180 pacientes por mês, entre casos novos e retornos. São casos relacionados às mais diversas patologias da especialidade. Dentre as áreas presentes, as patologias do estômago são as mais frequentes. Nessas patologias destacam-se as dispepsias funcionais e as gastrites. “Esse ambulatório tem como função primordial dar continuidade aos atendimentos de casos encaminhados das Unidades Básicas de Saúde (UBS) e Assistência Médica Ambulatorial (AMA), via sistema regulador de agendamento de consultas médicas. Daí sua importância na continuidade do atendimento aos pacientes encaminhados pelas unidades de saúde primárias, pois dispõe de especialistas que irão dar continuidade à abordagem diagnóstica e conduzir o tratamento especializado”, ressalta o pesquisador.
O ex-aluno do PPGES-USCS conta que, em determinadas especialidades médicas, o tempo entre a consulta e o retorno do paciente é muito longo para poder ter certeza de que o paciente está se tratando corretamente, realizando as tarefas a ele destinadas pelo médico, ou mesmo se entendeu todas as orientações de maneira acertada e está efetivamente fazendo o preconizado. “Em muitos casos, só se fica sabendo muito tempo depois, no primeiro retorno, e então descobre-se que algo de errado aconteceu. É visto que o paciente não fez o básico, acha que o tratamento não prestou para ele, quer trocar medicação e/ou quer novos exames. Nesse momento, frente às dúvidas e questionamentos do paciente, nos damos conta de que uma simples explicação ou orientação poderia ter corrigido o rumo do tratamento”, relata Humberto Molinari.
Parte do estudo qualitativo de Humberto foi desenvolvida com dois questionários pré e pós-vídeos orientativos desenvolvidos por ele com possibilidades de respostas abertas. Os pacientes que se submeteram ao estudo foram diagnosticados com dispepsia funcional ou gastrite. Os questionários foram fornecidos aos pacientes e por eles respondidos, em momentos diferentes do estudo (pré e pós vídeos orientativos). Foram três vídeos orientativos disparados semanalmente, ao longo de 3 semanas após a primeira consulta de cada paciente. “Os vídeos orientativos foram enviados ao paciente por WhatsApp, sendo um por semana, nesta ordem: o primeiro foi de orientações alimentares; o segundo, na semana seguinte, sobre orientações antiestresse; o terceiro, sobre orientações de medicamentos e exames”, conta o pesquisador e já adianta alguns resultados: “Esse estudo mostrou que a maioria dos pacientes relataram melhora clínica, entenderam e seguiram as orientações dos vídeos e textos orientativos, assistiram aos três vídeos orientativos e indicariam o método para outras áreas”, festeja o pesquisador.
Derivado de sua pesquisa, Humberto propôs um manual instrucional como produto para o Mestrado Profissional na área de ensino em Saúde da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). O manual instrucional é composto de 03 (três) textos orientativos e 03 (três) vídeos orientativos com os temas dicas de alimentação, dicas antiestresse e orientações sobre exames e medicamentos. Para quem quiser conhecer: Vídeo 1- Dicas de alimentação: https://youtu.be/h6EvT1YSHlw; Vídeo 2: Dicas antiestresse: https://youtu.be/ZQi8_bsdJf0 e Vídeo 3: Orientações de medicamentos e exames: https://youtu.be/9ujtMWHRU0U.
Para a orientadora da pesquisa de Humberto, a Profa. Dra. Amanda Costa Araújo, do Programa de Mestrado Profissional em Inovação no Ensino Superior em Saúde da USCS, a dissertação se destaca porque “O letramento em saúde diz respeito a como os pacientes conseguem entender a patologia e cuidar de si mesmos da melhor forma possível, sem necessariamente depender de intervenção médica. A demanda desse estudo surgiu pelo agravamento do quadro clínico dos pacientes por não entenderem conceitos simples de auto cuidado. Desta forma, a pesquisa é extremamente relevante para que os pacientes consigam amenizar os sintomas e possíveis agravos de saúde. Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) pode ser influenciado com menos retornos à consultas médicas, menos consumo de remédios e menor número de pedidos de exames excedentes. Em suma, políticas de letramento em saúde beneficiam o sistema e a população como um todo”, avalia a orientadora. A dissertação de Humberto Molinari pode ser acessada na íntegra no link: https://www.uscs.edu.br/pos-stricto-sensu/arquivo/806.
O Programa de Mestrado Profissional em Inovação no Ensino Superior em Saúde da USCS tem como objetivo proporcionar a formação de profissionais diferenciados, baseado em perfil de competência que contemple a produção de conhecimento aplicável nas instituições de nível superior e nos contextos de prática para a condução de intervenções de impacto social, sanitário e educacional no âmbito do Sistema Único de Saúde. Mais informações: https://uscs.edu.br/pos-stricto-sensu/ppgs/mestrado-profissional-em-saude.