Ao observar os acontecimentos das últimas semanas, lembro-me das palavras do líder comunista Luís Carlos Prestes, quando avaliava a República que surgiu com o fim da Ditadura Empresarial-Militar, em uma entrevista para o programa Roda Viva: “Na minha opinião, não há nenhuma Nova República. Se há alguma Nova República, ela nasceu igual à Velha. Não houve nenhuma mudança profunda. Todas foram superficiais. Portanto, nego a existência dessa Nova República.”
Durante a “Nova República”, foi construído o consenso de que a democracia liberal garantiria uma reconciliação nacional entre os ricos e o povo trabalhador, onde os direitos sociais garantidos pela constituição seriam efetivados e as disputas seriam resolvidas por meio do voto.
No entanto, como base dessa organização, as estruturas políticas continuaram oligárquicas, o país permaneceu subdesenvolvido e seguiu uma trajetória de regressão econômica. A indústria (de caráter dependente dos países do centro do capitalismo internacional) foi deixada de lado, enquanto os setores rurais que vivem da exportação de commodities foram fortalecidos, reforçando nosso antigo papel colonial.
O golpe contra Dilma, os ataques aos direitos constitucionais, o retorno dos militares ao centro da política e, por fim, a eleição de Bolsonaro foram sinais claros do esgotamento dos pactos estabelecidos no processo de redemocratização no final dos anos 80.
Agora, após a euforia geral das eleições de 2022, torna-se claro que o sistema político brasileiro continua em crise, sem qualquer intenção por parte dos setores dominantes de buscar um pacto de conciliação. A luta pelo orçamento público será intensa.
Parece improvável que os esforços para reconstruir os pactos da Nova República, estabelecidos nas eleições de 2022, se concretizem.
Max Marianek
Graduado em História e Funcionário Público