Este ano marca o décimo aniversário das Jornadas de Junho de 2013 e diversos textos, livros, e eventos estão sendo organizados e divulgados para discutir este movimento. Junho de 2013 continua despertando diversos debates dentro da política brasileira sobre qual o seu significado, consequências e origem. Como uma esfinge continua desafiando a todos.
Independente da interpretação sobre as Jornadas, se elas foram progressistas ou táticas de guerra híbrida ou qualquer outra avaliação, o que todos percebemos é que aquele mês abriu as portas para algo importante e novo no processo político e social nacional, aqueles dias representaram uma mudança de estágio (ou talvez de qualidade) da luta política no país.
Entender Junho é necessário para auxiliar na compreensão da nossa conjuntura, discutir o modelo de desenvolvimento e acumulação dominante, a estrutura política que nasceu com a Nova República e os seus claros sinais de esgotamento, além da estratégia política dos setores hegemônicos da esquerda brasileira.
Primeiro, para limpar o terreno, é preciso afirmar que Junho não nasceu como um movimento reacionário e aqueles que estabelecem uma conexão direta com as manifestações pelo Impeachment em 2016 realizam um procedimento analítico duvidoso.
Esquecem que apesar da popularidade de Dilma cair em 2013, ela conseguiu se recuperar e ganhou a eleição em 2014, com um discurso muito incisivo de garantia de direitos. No entanto, ao se reeleger, Dilma tomou uma direção diferente, atacou o PIS, o seguro-desemprego, nomeou Joaquim Levy, um liberal ligado aos bancos para a Fazenda e iniciou uma política de cortes. Essas ações desmobilizaram sua base para os ataques que vieram posteriormente.
De forma muito resumida, podemos dizer em linhas gerais, que Junho foi uma explosão de massas, um movimento disforme e espontâneo, em que havia um claro sinal anti-sistêmico, e um amplo espaço de disputa por seus sentidos e objetivos. Entretanto, boa parte dos setores hegemônicos da esquerda , claramente deram as costas para os atos, o que abriu um vácuo que a direita , tentando participar para uma nova ofensiva, não tardou em tentar ocupar.
Obviamente isto é apenas uma formulação muito resumida e nos próximos artigos vamos tentar desenvolver um pouco mais o debate.
Max Marianek
Graduado em História
Funcionário Público