Nesta semana, comemora-se o aniversário de São Caetano do Sul. A data oficial de fundação da cidade é considerada o dia 28 de Julho de 1877, quando iniciou o assentamento de famílias de imigrantes italianos na região, formando um núcleo colonial. No entanto, essa perspectiva nos leva erroneamente a imaginar que o território estava vazio antes disso, o que não é correto. Antes da chegada dos imigrantes, já havia indígenas e negros que foram utilizados como mão de obra escrava para a produção de telhas e tijolos na fazenda São Caetano do Tijucussu dos monges beneditinos.
Embora a chegada dos imigrantes italianos seja um marco significativo na história da cidade, é importante ressaltar que eles não encontraram um espaço completamente desocupado. Os indígenas e negros também contribuíram para a construção de São Caetano e de todo o ABC, e suas histórias devem ser lembradas e valorizadas, assim como a dos migrantes nordestinos que chegaram em grande número a partir dos anos 50 e contribuíram com seu trabalho e esforço.
Outro ponto relevante a ser considerado neste aniversário é que São Caetano do Sul não é uma ilha apartada do país, como alguns podem acreditar. Nos últimos anos, o Brasil tem enfrentado um processo de enfraquecimento da industrialização, o que se tornou um grave problema em todo o ABC. Estamos testemunhando em todas as cidades da região um aumento no fechamento de fábricas e a perda de empregos.
Esse não é um problema exclusivo de um município ou outro, nem algo que uma prefeitura isolada possa resolver. Trata-se de uma questão de caráter nacional, que tem reflexos particularmente alarmantes aqui e deve ser discutida pela cidade e por toda a região.
É imprescindível repensarmos um novo projeto de industrialização que não esteja subordinado às estruturas e capitais dos países centrais do sistema internacional (nos últimos tempos vimos diversas fábricas sendo fechadas por decisões de multinacionais estrangeiras que não levam em conta a realidade dos trabalhadores). Precisamos de uma indústria realmente nacional, em que as decisões estejam sob o controle do país, voltada para atender às necessidades do Brasil.
Max Marianek
Graduado em História
Funcionário Público