Roberto Moysés Dutkiewcz, 74 anos, é mais um senhor a viver tranquilamente em São Caetano, uma das melhores cidades do Brasil para pessoas da terceira idade. Mas com um diferencial: seu Roberto, ou Betão como é mais conhecido entre os amigos, escolheu o caminho da suavidade, significado brasileiro do judô, umas das mais populares artes marciais do planeta e considerado oficialmente como esporte no Japão no século XIX.
Betão foi condecorado como kodansha, ou 6º dan do judô, uma espécie de pós-graduação do esporte milenar japonês, numa cerimônia no mês passado, recebida oficialmente da CBJ (Confederação Brasileira de Judô). Começou a praticar judô enquanto estava na faculdade de Educação Física, em Mogi das Cruzes, onde se formou – chegou em São Caetano em 1987.
“Iniciei no judô aos 18 anos, mas apenas competia. Só pensei em graduar as faixas em 1983, quando me tornei campeão paulista, campeão brasileiro e, finalmente, campeão mundial, em 2002, na Irlanda do Norte. Tenho formação em árbitro, mas nada se compara a me tornar um kodansha. Nunca senti uma emoção tão forte em toda minha vida”, exemplificou Betão.
Mesmo já sendo oficialmente um kodansha, Betão fez questão de receber sua honraria novamente, agora das mãos de seu sensei Wagner Vetorazzi, com quem iniciou no judô de São Caetano na década de 1980. A cerimônia ocorreu no último dia 14, com a presença de cerca de 40 judocas.
“Ele tem um sentimento puro pelo judô. Nunca teve nenhuma pretensão a não ser ajudar e crescer. Merece muito tornar-se um kodansha. Além disso, essa cerimônia demonstra que o judô vai muito além de simplesmente conquistar medalhas em competições e que, qualquer um, de qualquer faixa etária, pode e deve praticar esportes”, ressaltou o sensei Wagner Vetorazzi, que também é kodansha e ministra aulas para mais de 100 judocas, a partir dos 7 anos, pela SELJ (Secretaria de Esporte, Lazer e Juventude).