Ao completar seu 69º ano enquanto município autônomo e oficialmente instituído, Mauá em mais uma oportunidade apresenta para seus habitantes uma série de eventos, atividades e realizações protagonizadas pelo poder público e outras instituições locais, alusivas à data. Dentre as tradicionais comemorações, a Câmara Municipal e sua Sessão Solene rememoram a data e faz homenagens; já o departamento de esportes realiza a também tradicional corrida de aniversário da cidade.
Além do aniversário de Mauá, comemora-se na data a festa da Imaculada Conceição, chamada de ‘festa de guarda’ em toda a Igreja Católica. Festa de guarda significa que todos os fiéis católicos devem obrigatoriamente participar na missa, como se fosse um domingo.
Por clara influência da Igreja Católica, várias outras cidades do Brasil comemoram aniversário do dia 08 de dezembro; no Estado de São Paulo são diversas localidades: Diadema, Guarulhos, Votorantim, Pereiras, Palmares Paulista, Parapuã, Nova Castilho, Mendonça, Mariápolis, Jandira, Guararapes e Dracena. Curiosamente, na cidade de Belo Horizonte, o aniversário é comemorado no dia 12 de dezembro, sendo o dia 08 de dezembro feriado municipal do Dia de Nossa Senhora da Conceição. Muitos belo-horizontinos confundem esse dia com o dia do aniversário de BH, que é comemorado em 12 de dezembro, não considerado feriado.
Como o dia 08 se tornou a data de aniversário de Mauá
Após a vitória do movimento emancipacionista em 22 de novembro de 1953 (dia da realização do plebiscito), os processos finais para a efetivação de Mauá enquanto município autônomo continuaria até a oficialização e homologação do plebiscito com a Lei Estadual nº 2.456, de 30 de dezembro de 1953.
A instalação definitiva da cidade se deu com a posse, no início de 1955, do prefeito Ennio Brancalion, do seu vice Elio Bernardi e dos 13 vereadores eleitos em outubro do ano anterior e que compuseram a primeira legislatura do parlamento mauaense.
A partir daqui, tem início uma discussão que permeia os imaginários dos curiosos até os dias atuais: se o plebiscito que definiu pela separação do então Distrito de Mauá do município sede de Santo André se deu em 22 de novembro, por que o aniversário da cidade é comemorado em 08 de dezembro?
A oficialização da data se deu com a aprovação, pelos vereadores, da Lei municipal nº 4, de 23 de abril de 1955, que ao declarar os feriados locais, instituiu o 08 de dezembro como o Dia da Cidade de Mauá.
Conforme Puntschart, – “vale observar que se não fosse a interferência dos vereadores, integrantes do Partido da Democracia Cristã, a data de 22 de novembro entraria para a história com maior relevância do que o dia 08 de dezembro.” (PUNTS CHART, 2004, p. 84)
Dia de Imaculada, da cidade e da polêmica
As datas e feriados locais foram definidos pelos vereadores da 1ª Legislatura, eleitos conforme citado, nas eleições municipais de 03 de outubro de 1954. Os dias definidos como feriados foram inclusive pauta de votação logo na pioneira sessão do recém criado Poder Legislativo de Mauá; aquele que propunha a consagração do dia da cidade na mesma data que a da padroeira “Nossa Senhora da Imaculada Conceição, que é a Padroeira da cidade” – foi de autoria do vereador e presidente da casa, Jorge Paschoalick; ex-soldado constitucionalista em 1932.
Paschoalick também era muito ligado à igreja e formou com a maioria de seus colegas vereadores, uma base necessária para a aprovação deste e de outros projetos, inclusive na sustentação do governo do prefeito Ennio Brancalion.
Por fim, em que pese à discussão acerca da data da comemoração oficial do aniversário, consagrada como feriado religioso mesmo antes da autonomia de Mauá, o dia 22 de novembro certamente é uma das datas mais significativas para a história do município e que, mesmo hoje (passados 70 anos do plebiscito), ainda suscita discussões e divergências entre os dias a serem considerados, pois assim como na longínqua sessão que aprovou a data, “muitos oposicionistas daquele período, até hoje não aceitam a data, pois consideram mais correto o dia 22 de novembro”. (PUNTSCHART, 2004, p. 36)
Vereadores eleitos na primeira Legislatura: Angelo Gianoni; Anselmo Haraldt Walendy; Clayton Fernandes; Guilherme Primo Vidotto; Inocêncio Pedro; José Mauro Lacava; Mário de Agostinho; Laurindo Callegari; Pedro Madeu; Pedro Chiarotti; Sylvio Polisel; Waldemar Grecco e Jorge Paschoalick (eleito Primeiro Presidente da Câmara Municipal).