Num fim de tarde chuvoso e frio como está agora, nada melhor que escrever sobre um livro novo. Novo pra mim, acabo de descobri-lo e será mais um integrante da minha biblioteca aqui em casa. Como gosto de compartilhar o que considero bom, aqui está ele! É um livro maravilhoso pra quem gosta de papos profundos sobre a vida. A narrativa nos traz a história de uma onça, chamada Iauretê. É uma onça-rei e que por magia de Tupã, de noite vira gente e de dia bicho, uma onça pintada. A história é contada em várias histórias, que são as fábulas, de um jeito bem interessante. Tudo acontece numa sequência analógica, orgânica. As fábulas vão surgindo como se fossem tecidas ou formando uma bela trança. Cada uma tem começo meio e fim, parece não ter relação uma com a outra, mas no final se percebe que formam uma sequência a contar uma história só, assim surgem as aventuras da onça/gente, que se casa com uma bela indiazinha chamada Kamakuã. Desta união nascem Juruá, que se tornou um excelente caçador e Iauretê-mirim, um grande canoeiro.
O livro tem início com a onça/gente caindo em uma armadilha e vendo-se prestes a morrer pelos caçadores, passa a ter lembranças de sua vida inteira e desta forma o leitor mergulha nestas lembranças e a história é tecida. Tudo é muito intenso, belo e de grande sabedoria. Transcrevo algumas frases, só pra lhe dar uma ideia da riqueza do conteúdo: “- Calma! – Ouviu o silêncio de Tupã dizer. – Quando se está no buraco, a única coisa que não ajuda é o desespero.”; “Quando você se contraria e faz coisas que não são da sua natureza, você deixa de se amar.”; “Justiça não é fácil! Além disso, como tudo tem uma raiz, a verdadeira justiça busca a raiz de onde nasceu a injustiça.” Não são belos e profundos estes trechos? Assim é o livro inteiro!