Pacientes convivem com superlotação e casos de negligência na saúde de São Bernardo

Demora de até 5 horas para atendimento de urgência vira rotina nas unidades de saúde da cidade

Os moradores de São Bernardo que utilizam as UPAs e UBSs convivem diariamente com a superlotação e prédios com estrutura precária. As longas filas de espera que ultrapassam, em média, cinco horas, não são mais pontuais e ocorrem em todas as nove unidades, bem como supostos casos de negligência.

Nas últimas semanas mais dois casos ocorridos nos equipamentos de saúde de São Bernardo foram notícia em diversas mídias. Mayane Gomes torceu o pé em 15 de abril e, inicialmente, recebeu diagnóstico apenas de luxação na UPA Baeta Neves. Dias depois, sem melhora, buscou atendimento em mais três UPAs.

No dia 29, com muitas dores, voltou à UPA Baeta Neves e finalmente recebeu diagnóstico de fratura. Foi encaminhada para o Hospital de Urgência para só depois ser transferida para o centro cirúrgico do Hospital de Clínicas.

Outro caso noticiado envolveu a dentista Larissa Duarte, que deu entrada na UPA Demarchi no dia 17 de abril. A mulher, que tinha o rim transplantado, foi ao local três vezes e aguardou oito horas por transferência por estar com sintomas de dengue. Foi medicada sem o diagnóstico, infartou e morreu após esperar oito horas por transferência para o Hospital de Urgência.

Superlotação

A reportagem visitou três UPAs nesta semana. Na unidade Silvina/Ferrazópolis, há banheiros interditados e a quantidade de assentos para espera não é suficiente para atender a demanda dos pacientes. Situação semelhante ocorre na UPA União e UPA Baeta Neves.

“As UPAs e UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de São Bernardo estão um descaso terrível. É a segunda vez que venho aqui com minha mãe. Meu pai também passou mal. O serviço de ambulância é péssimo. Chamamos e eles não vieram. Não tem prioridade. É criança junto com idoso. Descaso total”, afirmou Kelly Ribeiro, que estava na UPA União/Alvarenga.

Mortes e negligência

A rede de Saúde de São Bernardo tem sido alvo de diversas reportagens nas últimas semanas. Foram registrados ao menos dez casos de suposta negligência e quatro óbitos apenas no Hospital da Mulher.

O secretário municipal de Saúde, Geraldo Reple Sobrinho, é aguardado na Câmara Municipal para dar explicações sobre os casos, que envolvem desde mortes de gestantes e bebês até compressas deixadas dentro do corpo de parturientes.

A Prefeitura de São Bernardo afastou o ex-diretor do hospital e, assim como a Polícia Civil, investiga os casos.

por Samuel Oliveira