Auricchio chama vereadora de ‘tchutchuca’ e é denunciado no MP

Durante prestação de contas, prefeito de São Caetano ofende parlamentar que faz oposição ao seu governo

A vereadora Bruna Biondi (PSOL) ingressou com representação no Ministério Público contra o prefeito José Auricchio Júnior (PSDB), que, em um evento de prestação de contas na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Bairro Barcelona, chamou a parlamentar que faz oposição ao seu governo de “tchutchuca”.

Durante a atividade com apoiadores, Auricchio se mostrou visivelmente irritado com quem critica sua gestão. Ao tratar sobre o programa Tarifa Zero, ele subiu o tom e partiu para agressão de gênero contra Bruna.

“Esta parlamentar, ela gosta de mentir, mentiu em outras situações. É valente comigo, me xinga quando tem oportunidade de falar com repórter. Quando vai no jornal, ela vira uma ‘tchutchuca’. Agora, quando tá individualizado, é agressiva”, afirmou Auricchio. O discurso foi gravado por apoiadores.

Desde 2021, a violência política de gênero é crime previsto pela Lei 14.192/2021. Pela legislação, é considerada violência de gênero contra a mulher toda ação, conduta ou omissão com a finalidade de impedir ou restringir os direitos políticos femininos.

A lei prevê pena de 1 a 4 anos de prisão para quem assediar, constranger, perseguir ou ameaçar candidata a cargo eletivo ou detentora de mandato, utilizando-se de discriminação à condição de mulher ou à sua cor, raça ou etnia.

Pelas redes sociais, Bruna ressaltou que, caso sua denúncia seja aceita pelo MP, “será a possibilidade de haver a primeira condenação deste tipo de crime no Estado de São Paulo”. “Este é um grave ataque de violência política de gênero sofrido pelo nosso mandato, ao lado de tantos outros que já enfrentamos, por sermos um mandato de oposição numa cidade comandada por conservadores”, emendou a parlamentar.

Desde a exposição do fato, Auricchio tem se calado. Outro que optou pelo silêncio é o deputado estadual Thiago Auricchio (PL), filho do prefeito e que tem como uma de suas bandeiras na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo a defesa do direito das mulheres.

Reincidente

Bruna Biondi está em primeiro mandato, é uma das poucas vereadoras a denunciar as falhas do governo Auricchio e tem enfrentado reiteradas tentativas de cerceamento ao seu trabalho.

Na primeira sessão desta legislatura, inclusive, Bruna Biondi foi impedida de discursar pelo vereador Tite Campanella (PL), que presidia os trabalhos. Eleita em um mandato coletivo, Bruna solicitou que as covereadoras também pudessem usar a tribuna, o que foi vetado por Tite. Mesmo nas falas de Bruna, Tite apertou a campainha que fica embaixo da mesa da presidência, dificultando o discurso da colega de casa.