Sindicância confirma erros médicos em mortes no Hospital da Mulher

Apesar dos casos, prefeito Orlando Morando (PSDB) não afastou secretário de Saúde de São Bernardo

Erros médicos. Essa foi a conclusão do comitê técnico instaurado para apurar as denúncias envolvendo o Hospital da Mulher de São Bernardo. Foram ao menos 9 casos que vieram à tona no primeiro semestre deste ano, com seis mortes envolvidas, sendo quatro bebês e duas gestantes.

A sindicância foi instaurada em abril pelo secretário de Saúde do município, Geraldo Reple Sobrinho – que é titular da pasta desde o primeiro dia do governo tucano. Em plena crise com mortes, Reple resolveu tirar férias e ficar 15 dias afastado na ocasião.

O comitê apurou que “foram identificadas falhas relacionadas ao exercício profissional”. A investigação, no entanto, não revela a quantidade de profissionais envolvidos e demitidos.

Segundo a Secretaria de Saúde de São Bernardo, “foram identificadas fragilidades em alguns protocolos assistenciais na unidade” e que “foram feitas propostas de melhoria para fortalecimento das barreiras de segurança já existentes e sugeridas a adoção de outras”.

O diretor técnico do Hospital da Mulher, Rodolfo Strufaldi, chegou a ser afastado de suas funções durante os trabalhos da sindicância, mas optou por se desligar do Hospital da Mulher. Ele já havia sido demitido em 2019 pelo prefeito Orlando Morando do cargo de coordenador de atenção básica da cidade, após reportagem da TV Globo que relatava fila quilométrica para atendimento na UBS Jardim Ipê.

O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) realizou uma visita técnica à unidade hospitalar e recebeu os prontuários dos pacientes e as falhas que foram identificadas nas atividades dos profissionais envolvidos nos casos, para investigação.

Relembre alguns casos

O primeiro caso envolveu Raissa Falosi Santos, de apenas 20 anos, que ficou com uma compressa esquecida dentro de seu corpo por quase três semanas após um parto. Deyse Coimbra, 29, morreu após receber duas doses de anestesia.

Outro caso envolveu Stella Luisa Alves, 20, que recebeu insulina mesmo sem ser diabética durante preparação para o parto – seu bebê morreu de trombose placentária, segundo o IML. A família acusa o Hospital da Mulher de trocar a carteirinha de gestantes com a de outra paciente.