a dor vai além do físico; algumas são invisíveis e eternas, transformando-se em saudade.
a dor pode ser definida em diversos níveis. desde você ter um infarto, uma pedra no rim, até bater o dedinho na quina da cama. mas nem toda dor pode ser mensurada, medida, explicada. porque existem dores que simplesmente não são físicas, mas existem. e essas, são as mais difíceis de serem explicadas, tratadas e curadas.
existem diversos remédios, para se tratar uma infinidade de doenças do corpo físico. tratamentos e mais tratamentos para se curar as feridas, mas como você cura, por exemplo, um coração partido? uma saudade? e você já reparou que tudo isso também dói?
assim como chutar um móvel, em casa, descalço, sentir saudade de alguém que você perdeu, também dói. e muito. muitas vezes uma dor inexplicável. o problema é que para essa segunda dor, não existe um remédio. e, na verdade nem existe uma cura. claro, tem terapia, tem remédios que podem te acalmar, hobbies que podem te distrair, o trabalho que pode te ocupar.
quando alguém próximo perde um parente, um animal muito querido, um cônjuge ou qualquer pessoa que ela fica totalmente devastada, enquanto muitos ficam falando que vai passar, eu chego e sou sincero. digo: olha, eu já perdi algumas pessoas e te digo: não vai passar. simplesmente não vai. nunca. sabe essa dor? ela não vai embora. infelizmente. com o tempo, a única coisa que vai acontecer é que você vai se acostumar com ela.
duro, né? mas é a verdade. a dor não vai embora. ela se transforma. o que agora é a dor da falta, claro, pelo nosso egoísmo, talvez, com o tempo vai se transformando em uma lembrança, uma nostalgia, uma saudade. aquela dor aguda da falta, do apego, vai mudando para uma lembrança. é quando vão ficando na memória aqueles bons momentos que a gente vai carregando nas lembranças.
o luto passa. a falta passa, mas só porque nos acostumamos. a dor tranquiliza, mas não some. certas dores são eternas enquanto nós durarmos. é como bater o dedo na quina da cama, todos os dias. a diferença é que o dedo se acostuma. a gente acostuma. mas a quina nunca vai embora.
enrico pierro
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