Documento garante segurança de propriedade do imóvel
Uma manhã de sol forte, já quente nas primeiras horas, marcou um dia especial nos três predinhos do Jardim Oratório, na Travessa Imperatriz, 60, um local de muitas histórias.
Quem entrava no condomínio de longe já ouvia música popular brasileira suave, para que os moradores acordassem suavemente.
No pátio havia uma grande tenda que protegia as cadeiras do calor. Algumas crianças já estavam aproveitando a cama elástica e o brinquedo inflável. Ao lado, algodão doce e pipoca e uma mesa com guloseimas para o café da manhã.
E qual o motivo de tantos preparativos?
A entrega de 120 títulos de regularização fundiária do empreendimento. “Muita gente não acreditou que a gente ia entregar este, que é o principal documento do imóvel. Lá no Cartório vai estar o nome de vocês”, disse o prefeito Marcelo Oliveira aos moradores ansiosos pelo momento de tocar o documento de garantia de propriedade do imóvel. “Este é o maior programa de regularização fundiária de Mauá, o Minha Casa Legal, e já entregamos 2100 unidades”, disse a secretária de Habitação, Eliana Caldeira.
A região foi povoada desde os anos 1960, como uma alternativa barata de trabalhadores vindos de muitos lugares do país para fazer a vida em São Paulo, sem poder escolher muito onde morar.
“A gente vivia em barracos de madeira, com ratos por todo lado e esgoto a céu aberto”, relembra Margarida Marques Pereira da Silva, moradora do Jardim Oratório desde 2001 e uma das três síndicas do local.
Diante da realidade de moradias precárias que caracterizam a região, o então prefeito Oswaldo Dias aderiu ao Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), do segundo governo do presidente Lula, em 2009, para um antigo projeto de urbanização no bairro, elaborado por sua equipe em 2004. Com isso, os três prédios seriam construídos com 120 apartamentos para atender famílias removidas de áreas de risco.
O condomínio foi entregue em 29 de agosto de 2014, já na gestão do então prefeito Donisete Braga, com dois dormitórios cada. Além disso, foram feitas pavimentação e construção de guias e sarjetas.
No sábado (7), o prefeito Marcelo Oliveira fez a entrega dos títulos de propriedade para as famílias que moram nos três prédios. Durante a entrega, as pessoas foram recebendo uma a uma, com o documento em nome da mulher, na maioria. Muitas lágrimas de emoção, sorrisos e alegria também marcaram a entrega.
A história de mulheres que se dedicaram para que este evento fosse possível. São três síndicas que administram os prédios: Kátia, Margarida e Janaína. Foi com elas que a secretária, a equipe de três mulheres assistentes sociais e de duas que atendem beneficiados do programa Bolsa Família e da arquiteta Gabriela, fizeram a articulação para que todo o processo fosse desenvolvido e concluído. Foram estas mulheres que fizeram o movimento que resgatou a credibilidade e possibilitou que recebessem o título.
“Os moradores entregaram todos os documentos para a gestão passada e tudo sumiu, não foi feito nada”, recorda Janaína Andrade Gonçalves. Mas, em fevereiro deste ano, as coisas foram diferentes, apesar de muita gente desacreditar, explicou. “Tivemos que entregar todos os documentos de novo e a Secretaria de Habitação agilizou o processo”, afirmou. “Hoje estamos encerrando uma espera de 10 anos. E aqui vai ficar melhor ainda”, celebra a síndica.
“Se a gente não tem o documento não tem como dizer que o apartamento é nosso”, explica Margarida.
Em breve, a região terá mais uma escola e 320 unidades habitacionais, entre outras coisas, previstos com recursos do Novo PAC.
Para a síndica Kátia Maria Gonçalves Sardinha da Silva, “hoje é um grande dia! E que estejamos unidos para continuar fazendo o que for melhor para todos.”