A Alta da Taxa de Juros e o Fim do Teatro do Governo

Nesta semana, o Copom aumentou a taxa básica de juros do país de 12,25% para 13,25%, o segundo aumento consecutivo de um ponto percentual.

A manutenção de altas taxas de juros no Brasil é um fenômeno que aprofunda o caráter rentista e a desindustrialização da nossa economia, desacelera o crescimento econômico e aumenta os lucros obtidos pelos poderosos do país com o pagamento de juros da dívida pública.

A constante política de altas taxas de juros, que persiste no país desde a implementação mais profunda do modelo neoliberal com FHC, é um dos obstáculos ao processo de desenvolvimento do país. Há um caráter estrutural nesse aspecto da política econômica, que se conecta diretamente com o atual modelo neoliberal.

Porém, o elemento que mais chama atenção nesta última reunião do Copom é o fim do teatro petista em sua suposta luta contra os juros altos. Nos dois primeiros anos de governo, Lula e vários petistas afirmaram, com frequência, que a culpa dos juros altos era de Campos Neto, ex-presidente do Banco Central. Diziam que o bolsonarista Campos Neto sabotava a política econômica do governo e que era inimigo do país. Críticas corretas, diga-se de passagem, pois Campos Neto é, de fato, um bolsonarista e inimigo do povo e do desenvolvimento nacional.

Entretanto, tudo não passava de um teatro mal feito, o que ficou explícito nesta última reunião do Copom, a primeira presidida pelo indicado de Lula para a presidência do Banco Central, Gabriel Galipolo, que também decidiu por um aumento de um ponto percentual na taxa de juros.

Agora, as críticas petistas, que eram constantes quando Campos Neto aumentava os juros, desapareceram. Em seu lugar, surgiram justificativas e desculpas para o aumento dos juros. Isso escancarou para todos que aquela retórica contra Campos Neto era apenas um jogo de cena, destinado a justificar a inação do governo e fornecer uma pauta para a militância do partido.

Vale lembrar que Gabriel Galipolo votou com Campos Neto em todas as reuniões do Copom. Apesar disso, muitos militantes do campo hegemonizado pelo PT (PSOL, PCdoB, PDT etc.) afirmavam que tudo era estratégia, que Galipolo estava “escondendo o jogo” e que, quando assumisse a presidência do BC, baixaria as taxas de juros, “abriria o terno” e revelaria a camiseta do “super Galipolo”.

Erraram feio, erraram rude…

Max Marianek
Graduado em História
Funcionário Público