A educação é parte importante dentre as estratégias das classes ricas e dominantes para se manterem no poder. Historicamente nossa educação é elitista e se debate na disputa entre o setor público e o privado. No setor privado, pelas redes religiosas e por escolas particulares ou empresas educacionais.
A educação pública, por sua vez, é refém de decisões tomadas ainda no início do Império, que determinaram que o ensino superior é responsabilidade do Governo Federal e a educação básica é responsabilidade dos Estados e Municípios. Igualmente a destinação de verbas seguiu essa definição que, ao longo do tempo, precarizou a oferta de educação de qualidade nos primeiros anos escolares.
É só no período entre, aproximadamente, 1920 e 1963 que a educação passa a ser vista como uma necessidade e, por alguns, até como panaceia capaz de resolver todos os problemas do país. Essa nova visão refletiu a necessidade de modernização no Brasil e da qualificação das pessoas para os trabalhos na burocracia estatal e em empresas privadas, especialmente na incipiente industrialização, que exigiam maior preparação.
É o tempo do Manifesto da Escola Nova, assinado por vários intelectuais, de um largo espectro político. Faz-se reformas educacionais importantes, no sentido de democratização e de princípios liberais e humanizantes. Há sensíveis aumentos nos níveis educacionais, impulsionados principalmente pela luta dos profissionais da educação e por pressões populares.
Ao final desse período há um florescimento na educação, com campanhas de alfabetização de adultos e conscientização popular patrocinadas pelo Movimento de Educação de Base; Movimento de Cultura Popular; Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler; Centro Popular de Cultura.
É nesse contexto que Paulo Freire, que participava de vários desses Movimentos, gesta e faz as primeiras experiências de seu Método de Educação de Adultos, que se desdobrou em uma nova perspectiva educacional reconhecida mundialmente. No cerne desse método a concepção que a leitura do mundo precede a leitura da palavra e que a conscientização vem com a expulsão pelo oprimido, do opressor, que o tem introjetado em sua consciência.
Paulo Freire torna-se Ministro da Educação no final de 1963. Hoje é o Patrono da Educação Brasileira.
O golpe civil-militar de março de 1964 aborta todo esse florescimento educacional no país.
Professor Luiz Eduardo Prates
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