Exploração do trabalho

Ao não estar determinado por instintos, o ser humano viu-se na contingência de transformar o ambiente natural para enfrentar adversidades e garantir a sobrevivência. Concorreram para isso suas condições biológicas e sua inteligência.

Essa é a origem do que chamamos trabalho. Ao trabalhar o homem modifica o meio; e este o modifica. Aí, a importância fundamental do trabalho para a evolução humana. Sem ele continuaríamos indefinidamente apenas na cadeia dos sapiens.

Porém, em algum momento, o ser humano se deu conta que um indivíduo tinha capacidade de produzir pelo seu trabalho mais que somente para sua subsistência. Que poderia produzir excedente. Então alguns indivíduos submeteram seus semelhantes para trabalharem para eles. Surgiu a apropriação privada do trabalho alheio e a propriedade privada.

A partir de então, a história das sociedades humanas é a história da perpetração de um mundo de dominadores e dominados. Exploradores e explorados.

Foram diversas as etapas pelas quais a humanidade passou na repetição permanente desse esquema, porém com o diferencial do aperfeiçoamento tecnológico no sentido da potencialização do trabalho humano. Esse desenvolvimento por fim, levou à criação da indústria moderna, ampliando quase indefinidamente, a capacidade de produção do trabalho.

Essa é a origem das condições que dão possibilidade às grandes modificações na esfera do trabalho que assistimos atualmente. A uberização, a pejotização, o empreendedorismo, só puderam surgir devido ao grande desenvolvimento tecnológico na área da informática, a partir dos anos 70 do século passado. Porém, apesar das aparências e do que se propaga, o esquema permanece o mesmo: muitos trabalham e poucos ganham efetivamente. Trabalha-se em condições precárias e a rigor, para a subsistência, e gera-se capital e lucro para a pequena porção dos proprietários, hoje talvez não mais indivíduos, mas corporações e grandes investimentos. Mas a acumulação baseada no trabalho alheio continua. Com o agravante que o desenvolvimento tecnológico, ao potencializar a produtividade, desemprega milhões de pessoas. Por outro lado, mesmo com a potencialização, a busca de lucro pelos patrões submete os trabalhadores a condições desumanas, como a jornada excessiva, trabalho por metas raramente batidas etc. O que gera adoecimento. Dos desempregados, pela falta de trabalho. Dos trabalhadores, pelo excesso na exploração.

Pela regulamentação do trabalho por aplicativos! Pelo fim da jornada 6×1! Por salários dignos!

Professor Luiz Eduardo Prates
luizprts@hotmail.com