Emergência Climática: O Desafio da Transformação Ecológica

Foi este o tema da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, realizada de 6 a 9 de maio, em Brasília. São Bernardo do Campo esteve representada pela delegada eleita na Conferência Livre do Meio Ambiente, realizada na sede do SINDSERV, em janeiro deste ano. Contou também com mais de 3 mil delegados de todo o país marcando o renascimento da participação popular, depois de onze anos, na construção de políticas ambientais, em busca de um novo ciclo de prosperidade inclusivo e democrático.

A conferência, que reuniu diferentes saberes – populares, acadêmicos e tradicionais – com participação de mulheres, negros, indígenas e juventudes, reafirmou que a transformação ecológica precisa ser conduzida pela base, com ciência, investimento público e justiça social, reconhecendo que a crise climática é também uma crise de desigualdades. As propostas subsidiarão a Política Nacional sobre Mudança do Clima e a participação do Brasil na COP30, em Belém, em 2025. O futuro sustentável do país está diretamente ligado ao fortalecimento da democracia ambiental.

Discutiu-se amplamente a situação dos biomas brasileiros. O Pantanal está perdendo sua área úmida, enquanto a Caatinga já apresenta sinais preocupantes de desertificação, com 62% de seu território sujeito a esse processo, segundo o Inpe. O Cerrado, considerado a savana tropical mais biodiversa do mundo, segue sob forte pressão da monocultura da soja. Já a Amazônia, além de ser estratégica para o clima global, irrigando o Brasil por meio dos chamados rios voadores, é também o centro de novas propostas de sociobiodiversidade.

“Não há justiça climática sem justiça territorial” foi uma das frases mais marcantes do evento. A crítica ao Projeto de Lei 2159/2025, o PL da Devastação, foi uma das tônicas. Não obstante, o Projeto foi aprovado pelo Senado em 20 de maio, o que requer mobilização de toda a sociedade para que a tramitação seja barrada na Câmara de Deputados.

Também foram abordadas soluções urbanas inovadoras e houve a constatação que as mudanças climáticas impactam de forma desproporcional as periferias urbanas. Ondas de calor nas cidades revelam efeitos severos à saúde, com destaque para idosos, mulheres e crianças.

Enquanto isso, em São Bernardo, prossegue a eliminação de árvores, como aconteceu dia 05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, na sub-prefeitura de Rudge Ramos, onde foram abatidas seis árvores frondosas, com possivelmente mais de cinquenta anos cada.

Professor Luiz Eduardo Prates
luizprts@hotmail.com