Desde as votações do dia 26 de junho no Congresso Nacional, nas quais o governo foi derrotado em suas proposições, levantou-se no país uma onda de insatisfação popular que cada vez assume maiores proporções.
Naquele dia votou-se matérias como taxação do IOF, isenção do imposto de renda para quem ganha menos de cinco mil reais ao mês e taxação sobre as grandes fortunas. Os resultados dessas votações serviram de alerta à população sobre o posicionamento do Congresso Nacional. Não todos, mas a grande maioria do Congresso votou favorável aos grandes ricos e contrário à classe média e ao povo simples. Foi como um descortinar de posições que sempre estiveram presentes no Congresso, mas que eram escamoteadas de diversas formas. Uma delas é que esses mesmos políticos, a maioria de direita, sempre se elegeram dizendo defender os pobres. Porém, na hora decisiva de comprovar isso votando ao lado dos interesses populares, demonstraram quem verdadeiramente são e votaram a favor dos ricos.
A partir daí, formou-se na população um sentimento de verdade. O sentimento de que aqueles que diziam representá-la, na verdade, representam as grandes fortunas. Surgiram expressões como “agora é a vez do povo”, “nós contra eles” etc. Até foi criado um movimento forte, com abaixo assinado virtual, o Manifesto Somos 99% (99porcento.com.br).
A direita e os grandes meios de comunicação acusam a esquerda e os movimentos populares de, com isso, dividir o país. Entretanto, para se entender essa situação, é necessário ter claro que 1% dos grandes ricos e grandes fortunas (proprietários de bancos, de grandes fundos financeiros, de imensas porções da terra) detém, no mínimo, 50% do total de riqueza do país, enquanto o restante fica dividido entre os outros 99% da população. Ou seja, o país já está dividido, desde sempre. A votação no Congresso Nacional apenas deixou isso claro como o sol de meio dia. Não dá mais para tentar esconder isso e não é a esquerda a responsável por essa situação.
É verdade também, que sempre há e haverá quem não queira ver e continue defendendo posições contrarias a seus próprios interesses, defendendo os ricos e votando contra os pobres. Enquanto isso, o governo, para tomar alguma medida em favor do povo, necessita muitas manobras e até incoerências. Repartir a riqueza é fundamental para um país justo.
Até quando o 1% continuará abocanhando a maioria da riqueza, deixando 99% em dificuldades financeiras ou na miséria? Chegou mesmo a vez do povo?
Luiz Eduardo Prates
Professor
luizprts@hotmail.com