Soberania Nacional

“Qual é a capital do Brasil? – Buenos Aires. O que tem no Brasil? – Macacos, cobras e bananas.” Até pouco tempo, essa era a imagem do cidadão médio norte-americano sobre o nosso país. Entretanto, os formuladores das regras econômicas e políticas sabiam bem: é um país que nos fornece produtos primários a baixo custo, sobre o qual não podemos perder o domínio. Essa mesma visão era (é?) defendida pela burguesia nacional, porque lucrava (lucra?) com essa relação comercial.

Também manter o domínio dos Estados Unidos sobre o Brasil, na base das exportações primárias, era interessante à burguesia nacional, porque ela temia que, se nosso país se desenvolvesse industrialmente, desenvolveria também uma classe trabalhadora potencialmente contrária a seus interesses e que lutaria para assumir poder e colocar na pauta questões como a reforma agrária, reforma do sistema bancário etc. Em síntese, as reformas de base propostas por João Goulart. Esse é o medo que levou à aliança da burguesia e do exército nacionais com os Estados Unidos ao golpe de 1964. A ameaça do comunismo, diziam e ainda dizem.

O resultado foi um lento processo de desindustrialização e de crises econômicas até hoje, mas que tiveram seu pico na década de 1980, a década perdida. Outro ponto decisivo nessa questão foi a abertura do mercado nacional às importações e ao capital internacional desencadeada por Collor de Mello, em 1992.

De lá para cá, o Brasil procura se equilibrar em uma frágil economia relativamente moderna, baseada em exportações de produtos primários, com baixo poder agregado e baixos preços no mercado internacional: soja, carnes, minério bruto etc.

Um novo episódio foi acrescentado à essa relação de submissão do Brasil aos Estados Unidos com a anunciada taxação de 50% de nossas exportações àquele país. Trata-se, segundo alguns analistas, da pior agressão à soberania nacional por parte dos Estados Unidos desde o golpe militar.

Hoje, porém, o Brasil é a 10ª economia do mundo, e podemos reagir à essa agressão. É hora de todos defendermos a nossa soberania. É hora de mobilizações de massas para barrar essas agressões. E de nossos governantes tomarem medidas efetivas para isso.

Não apenas com palavras ou negociações, mas aproveitando a oportunidade para nos voltarmos a acordos econômicos com outros países, que nos possibilitem o desenvolvimento científico-tecnológicos e a re-industrialização do Brasil. Só assim poderemos chegar a um país efetivamente soberano.

Luiz Eduardo Prates
Professor
luizprts@hotmail.com