Congresso contra o povo

De mansinho, na calada da noite, a maioria dos deputados no Congresso Nacional, mais uma vez, não teve o menor constrangimento em demonstrar quem são e a que interesses respondem. Na madrugada do dia 17 de julho foram aprovadas duas matérias frontalmente contrárias ao povo brasileiro: a Pec da Devastação (PL 2159/21) que, entre outras coisas, estabelece que médios e pequenos empreendimentos rurais, de baixo impacto ao meio ambiente, não precisam de laudo técnico para obter a licença ambiental bastando a autodeclaração. Também o licenciamento ambiental especial, fragilizando a atuação dos órgãos técnicos ambientais para obras estratégicas, mesmo que causem grande degradação do meio ambiente.

Outra medida aprovada foi autorizar a retirada de até 30 bilhões de reais do Fundo Social para ‘salvar’ produtores rurais, cooperativas e associações endividados por não pagarem impostos e obrigações com o governo, para que possam renegociar suas dívidas. O Fundo Social é uma ferramenta de financiamento para projetos sociais que visam o desenvolvimento e a melhoria da qualidade de vida da população brasileira, com foco em áreas como combate à pobreza, educação, saúde, meio ambiente, infraestrutura social e habitação popular.

Basta perguntar: o que é de maior interesse para a população? Que se invista em programas sociais, ou que se destine verbas para agricultores endividados? Chega a ser estarrecedora a desfaçatez de quem aprova medidas como essas.

Isso nos chama a outra reflexão. No Brasil, até recentemente, não havia direita. Ou melhor, era vergonhoso alguém se dizer de direita porque era antipopular. Quem não era de esquerda se dizia de centro. Hoje muitas pessoas se orgulham de se dizer de direita. Entra nesse cálculo as chamadas pautas morais. Sabemos, porém, que muitas dessas coisas se referem a moralismos insustentáveis. Porém ser de direita tem a ver, na verdade, com esse tipo de atuação dos deputados dos partidos de direita que aprovam medidas como as mencionadas acima. Ou seja, atuar em favor dos ricos, contra os pobres.

Sempre haverá quem os defenda, dizendo tal ou qual coisa. E a grande mídia tem sempre os arautos de plantão para, inconfessadamente, justificar a opção pelos ricos. Porém, medidas como essas não permitem meias verdades. Elas se impõem a quem tem um mínimo de senso crítico sobre como são as coisas no Brasil.

Ano que vem teremos novas eleições. Até quando vamos continuar votando na direita e em seus partidos para que atuem contra o povo?

Professor Luiz Eduardo Prates
luizprts@hotmail.com