Estratégias do Poder

Na década de 1970 ocorreu uma inflexão na política mundial estabelecida com os acordos internacionais do final da 2ª Guerra Mundial. Os mais expressivos são a crise do petróleo e o rompimento da deliberação de Bretton Woods do lastro em ouro para a emissão de dólares pelos Estados Unidos da América. Entram em cena Margaret Thatcher, Ronald Reagan e o Papa João Paulo II (com o freio na Teologia da Libertação e nas comunidades eclesiais de base, especialmente no Brasil). A guerra fria se intensifica e a União Soviética, por motivos diversos, não consegue superar suas dificuldades internas para fazer frente a essas investidas e sucumbe em 1992.

Inicia-se uma nova fase, com o neoliberalismo e a globalização capitalista. É a hegemonia mundial do capital e de uma acumulação sem precedentes da riqueza mundial. Junto a isso, ocorre toda uma série mudanças, que vão, desde a revolução tecnológica da informática até mudanças culturais significativas.

A promessa é “Pax Americana”. Porém calcada não no consenso, mas na força bélica. A resistência vem por uma série de guerras em diversas regiões do mundo, especialmente no Oriente Médio, em função do petróleo. O episódio das Torres Gêmeas, em 2001, faz parte deste contexto.

No germe dessas grandes mudanças está a derrocada de uma pretensa gestão da política pelos grandes centros capitalistas, com consensos e acordos entre as partes, coisa que, apesar das aparências, nunca existiu. Inicia-se uma explicita maneira de gestão, a imposição pura e simples do poder, por parte de quem detém os meios para isso, ou seja, os Estados Unidos da América como império mundial.

Essas grandes determinações se refletem, mais cedo ou mais tarde, no interior de cada país. Essa é a origem do avanço da direita mundial em muitos países, impondo as determinações do capital sobre os estados nacionais. Assim chega ao Brasil. Exemplos disso não faltam.

Mas, ao contrário do que disse Fukuyama, a história não chegou ao fim. As placas tectônicas da cena política mundial se movimentam. A hegemonia do poder dos USA é confrontada com novos polos de poder, entre eles a China, o maior poder emergente, e os BRICS, dos quais também a China faz parte e onde hoje o Brasil tem uma posição de destaque por ocupar a presidência.

É a partir desse quadro amplíssimo que podemos pensar os últimos e agudos acontecimentos em relação ao nosso país, interna e externamente. Como povo, não podemos calar. Precisamos reivindicar política ao invés de imposição e soberania nacional.

Luiz Eduardo Prates
Professor
luizprts@hotmail.com