Morador em São Bernardo do Campo, sou “testemunha ocular” da ojeriza de grande parte da população da cidade ao Partido dos Trabalhadores e ao Presidente Lula. Muitas pessoas se referem ao Presidente como ladrão, apesar de ser provavelmente quem teve vida mais vasculhada e nada tenha sido confirmado em relação a isso. Outras se referem a ele como condenado. Porém sua condenação e prisão foram consideradas ilegais pelo Supremo Tribunal Federal e foi inocentado.
Não obstante, essa mesma população, paladina da lisura na coisa pública, elegeu como prefeito uma pessoa que já, desde 2021, era alvo do Ministério Público por irregularidades em licitações de quando era, além de vice-prefeito, secretário de Serviços Urbanos do município.
Por isso nenhuma novidade quando, na semana passada, foi afastado de suas funções pelo Tribunal de Justiça de São Paulo por suspeita de corrupção e lavagem de dinheiro na prefeitura da cidade.
Mas não atuava sozinho. Fazia parte, segundo as investigações em andamento, de uma “uma complexa rede criminosa, com uma estrutura definida e um ‘modus operandi’ peculiar, voltada para a captação e movimentação de valores ilícitos no âmbito da Prefeitura”. A organização incluía também dois vereadores, um deles presidente da Câmara Municipal e primo do prefeito, um secretário municipal e um servidor público. Ao todo 34 pessoas que foram afastadas dos cargos e tiveram quebra de sigilo bancário e fiscal.
Com o grupo, em diversos locais, foram apreendidos cerca de R$ 3.2 milhões, mais expressivas somas em dólares e em euros, em dinheiro vivo.
Provavelmente essa movimentação vem desde o período anterior, mas, se considerarmos apenas a atual legislatura, os oito meses de mandato ‘renderam’ ao grupo uma soma imensa de recursos que deveriam estar sendo aplicados na melhoria de vida da população.
É verdade que, devido ao sistema eleitoral, para prevenir o menos ruim que seria a continuidade do grupo político do ex-prefeito racista e preocupado mais com suas empresas e empreendimentos imobiliários do que com a cidade, a esquerda acabou tendo que votar, no segundo turno, no prefeito ora afastado.
É triste que, na cidade que foi um polo decisivo para o fim da ditadura militar, berço do maior partido político do Brasil e da possivelmente maior organização sindical, tenham sido eleitas pessoas dessa qualidade. Somos forçados a concluir que a direita fez um trabalho muito bem-feito ao incutir na população uma cultura política que dá esse tipo de resultado.