Cara a cara com o futuro

Vivemos tempos particularmente desafiadores como Brasil. Nunca foi fácil, mas atualmente as coisas já não são tão escamoteadas como antes e especialmente as máscaras estão sendo deixadas de lado e as personagens se desnudam no palco. Vale a frase da Esfinge: “Decifra-me ou eu te devoro”.

Pelo menos três cenários estão se desenrolando, todos encadeados, mas cada um com suas particularidades. O tarifaço do presidente dos Estados Unidos, que tem como coadjutor com aspiração a personagem principal um deputado federal brasileiro vivendo lá; o julgamento da trama golpista que resultou no 8 de janeiro e ainda continua, embora os acusados garantam que não houve nada disso; e a movimentação no Congresso Nacional para anistiar os acusados, até antes da condenação.

Desses cenários, talvez o que cause mais ‘sensação’ e tenha deixado a plateia em suspense é o julgamento no STF. Contrariamente a algumas expectativas, vamos passar o Dia da Pátria sem definições substantivas. Isso deixa o campo aberto para manifestações de todos os lados.

Mas a proclamação mais forte de “Condenação já!”, “Sem Anistia”, em nossa região será no já tradicional Grito dos Excluídos neste ano no ABCDMRR em Mauá. Concentração às 8hs30min, em frente ao Santuário Imaculada Conceição, na Praça Monsenhor Alexandre Venâncio Arminas.

O que está em jogo, mais que nunca? O futuro do nosso país. “Decifra-me ou eu te devoro”. Ou deciframos os 500 anos de subserviência a potências estrangeiras, de massacres às populações originárias e afrobrasileiras, mortes, opressões, uma das maiores concentrações de renda e de terras do mundo, diversos golpes e tentativas de golpes de Estado sem que nunca ninguém tenha sido condenado, de arranjos pelo alto seguindo a consigna “Façamos antes que o povo a faça”, e continuaremos devorados por esse Brasil antigo, do passado (e do presente), da dominação de sempre.

Ou ensaiemos um país diferente, com democracia minimamente estável e em condições de fazer justiça às classes trabalhadoras, aos pobres, aos miseráveis, com distribuição da riqueza e de terras, com condições mínimas de sobrevivência digna, de alimentação, habitação, saúde, educação, de oportunidades.

São muitas e poderosas as forças da conservação desse Brasil contra os brasileiros. E se utilizam de muitos meios, como a grande imprensa e os meios digitais, como também da religião, da moral e dos costumes etc. Decifrar isso também é imperativo.

Ou será que vamos simplesmente continuar a sermos devorados?

Professor Luiz Eduardo Prates
luizprts@hotmail.com