Na história o que vale são os fatos, embora hoje estejam em alta as versões. Estas, normalmente, se reportam àquelas, mas falseando os acontecimentos conforme a mensagem que quer passar quem as patrocina. Cabe, pois, esclarecer o ocorrido.
Porém, nada impede que tomemos outro caminho e, embora saibamos que não cabe um “se”, imaginarmos o que poderia ter acontecido, a partir de desdobramento diferente do ocorrido. Isso talvez pudesse nos dar uma ideia do que poderia ter sido e não foi.
Presenciamos nesta semana o julgamento da tentativa de golpe em 08 de janeiro de 2023, julgamento que se configura como um dos acontecimentos mais importantes de nossa história. Nunca antes tivemos a condenação, por um tribunal de justiça, de um ex-presidente da República. Jamais tivemos militares de alta patente, como generais, julgados e condenados sequer pelos meios militares, menos ainda por uma corte civil. No entanto, isso ocorreu.
Tudo nos autoriza à esperança de que, com esses julgamentos e condenações, tenhamos, pelo menos em parte, ‘passado a limpo’ nossa história. E que daqui para a frente, mantidas as instituições nacionais, teremos um futuro calcado em nossa Constituição Cidadã e na democracia. E assim, garantidas as bases para superarmos os grandes problemas da nação. Evidentemente à custa de muita luta para superarmos uma elite insaciável por riqueza.
A partir disso, podemos imaginar: “que país nós teríamos hoje se esses julgamentos não estivessem atrasados em 61 anos?” “Se tivéssemos resistido a tentativa de golpe de 1964 e julgado e condenado seus comandantes?”
Nesse tempo teríamos tido reforma agrária como forma de combater a miséria e as desigualdades no campo e centrada na produção de alimentos; reforma urbana, dando acesso à população a moradias planejadas e dignas; reforma universitária e educacional com as universidades voltadas a produzir conhecimentos para o desenvolvimento nacional e planos nacionais de alfabetização de adultos. Também as reformas administrativa, bancária, tributária e cambial.
Que país diferente hoje poderíamos ser! Provavelmente um país mais justo, melhor desenvolvido e feliz. O que nos dá a dimensão do que foi ‘roubado’ de nós nesse tempo. Difícil imaginar.
Qual a importância desse exercício? É reconhecermos que essas tarefas, com as atualizações necessárias, ainda estão por ser feitas. Nos julgamentos desta semana venceram a soberania, democracia e a cidadania. Oxalá não estejamos sem fazê-las daqui a 61 anos.
Professor Luiz Eduardo Prates
luizprts@hotmail.com