Nesta semana, a Primeira Turma do STF decidiu condenar o ex-presidente Bolsonaro pelos crimes de organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio, somando uma pena de 27 anos de prisão. Trata-se de uma decisão crucial, pois esclarece o papel central que Bolsonaro exerceu na tentativa de golpe.
A inclinação golpista do ex-presidente sempre foi explícita, e não algo que ele tentou esconder, seja antes ou durante seu mandato. Bolsonaro proferiu inúmeras declarações, de forma reiterada, afirmando que não reconheceria o resultado das eleições e que deixaria a presidência apenas “morto ou preso”. As provas colhidas em celulares, conversas, documentos e minutas vieram confirmar tais afirmações, conferindo materialidade à trama golpista.
É um fato significativo para a história do Brasil testemunhar um ex-presidente e generais sendo presos por conspirar um golpe de Estado. Em nossa trajetória, os militares se habituaram a interferir e derrubar governos, uma tradição golpista de longa data. Por isso, esta decisão deve ser defendida e executada de maneira exemplar contra esses criminosos.
No entanto, é preciso lembrar que Bolsonaro não está sendo julgado e preso por outros crimes gravíssimos que cometeu. Sua postura genocida durante a pandemia, que vitimou mais de 700 mil brasileiros, as privatizações questionáveis da Eletrobrás e de refinarias da Petrobrás, e sua aliança com os EUA em prejuízo do Brasil, atuando como um traidor nacional, são questões que também precisam ser apuradas.
Que este seja o primeiro passo para exorcizarmos esse mal da vida brasileira. Mas não podemos ignorar que a base social que sustenta o bolsonarismo segue atuante – e, em vários aspectos, se fortalecendo devido a ações pouco prudentes de governos progressistas -, e que sua base política permanece mobilizada. Enquanto essas forças não forem derrotadas politicamente, a ameaça da extrema direita continuará assombrando o país.
Max Marianek
Graduado em História
Funcionário Público