Traição

A Câmara Federal, logo após um momento relâmpago de lucidez – ou de medo de perder as bases -, em que aprovou isenção do Imposto de Renda e taxação dos super ricos, em uma manobra vergonhosa, nem deixou vir à votação a Medida Provisória 1.303/2025 que visava suprir recursos ao governo federal para o cumprimento do teto de gastos, depois da supressão do IOF.

A retirada da pauta teve o sentido de poupar os deputados de votar contra uma medida que favoreceria o povo brasileiro, pois é feio aparecer como quem votou contra o povo. Então o recurso foi impedir a votação. Mas o efeito é o mesmo, trair a população.

Porém, nem todos os deputados participaram dessa traição: a votação foi de 251 votos pela retirada da votação e 193 pela manutenção e pela aprovação da MP.

Direita e extrema direita argumentam que já existem impostos em demasia e que o governo deveria rever a qualidade dos gastos públicos. Porém o orçamento em geral é impositivo, ou seja, tem gastos já definidos, em que não se pode mexer. O que é possível modificar são os gastos com o setor social.

Contraditoriamente, é o mesmo setor de direita que se opõe ferrenhamente a que o governo reduza os incentivos fiscais que isentam impostos de grandes grupos e do agro.

Recursos que revertem em capitalização para eles. Imensa incoerência porque lutam pela privatização, mas resguardam com dinheiro público o risco de perder no mercado.

Quem ganha com a derrota da MP do governo? O BBB: bilionários, bancos e bets. Quem perde? O povo brasileiro. Para suprir o necessário para fechar o teto de gastos, o governo terá que tirar o dinheiro do fundo do pré-sal destinado às políticas públicas, como educação e saúde.

O que a direita e a extrema direita não querem que se diga? Que eles, na prática, buscam com a supressão da medida enfraquecer o governo para as próximas eleições. Ou seja, em favor de suas carreiras e da manutenção da escandalosa desigualdade social do Brasil, condenam o povo à míngua, confundindo melhorias sociais com ativos eleitorais.

Porém, eles não contam com a inteligência popular. Aos poucos o povo vai se dando conta que a manutenção das grandes fortunas e dos privilégios é feita à suas custas.

E ele já está farto de se sacrificar para que o 1% de mais ricos do país e seus asseclas deixem contribuir com um Brasil mais justo e equitativo.

As eleições vêm aí. E esses deputados precisam responder pelos seus atos não sendo eleitos como representantes do povo, coisa que nunca foram.

Professor Luiz Eduardo Prates
luizprts@hotmail.com