Consciência Negra

Novembro é o mês da consciência negra. A culminância das atividades foi dia 20, feriado nacional, dia da imortalidade de Zumbi dos Palmares, líder do quilombo que resistiu à escravidão por mais de cem anos, em 1695.

A escravização no Brasil começou praticamente com a chegada dos portugueses em 1500, sendo indígenas os primeiros escravizados. Em 1530 são trazidos os primeiros africanos. A escravização do povo negro durou até 1888. Foram 358 anos de martírio deste povo. Desde então, temos 137 anos. Para se equiparar o período de escravidão com o tempo de liberdade faltam ainda 221 anos. Ou seja, o Brasil foi por muito mais tempo um país escravagista do que de liberdade para o povo negro.

Apenas referindo a esses números temos já um indício de como o submetimento e a desvalorização do povo negro marcam a história do país. É o chamado racismo estrutural, que nos constitui enquanto nação.
Em homenagem, trago aqui partes de um texto de divulgação do Fórum Antirracista de São Bernardo do Campo, escrito pela atriz e educadora popular Mary Black:

“Novembro não é mês de celebração. É tempo de trazer à memória a dor e o sofrimento do nosso povo. É tempo de lembrar os que tombaram, de honrar os que resistem e de gritar por uma justiça que nunca chegou ao nosso povo. É tempo de exigir a reparação que sempre nos foi negada desde os tempos da escravidão.
Cumprir as Leis 10.639/03 e 11.645/08 é o mínimo!

Não queremos favor, queremos o que é nosso! Nada de nós sem nós, ainda estamos aqui! Nossas crianças têm o direito de conhecer a nossa verdadeira história: a história dos reis e rainhas, príncipes e princesas, das nossas medicinas, agricultores, dos nossos irmãos e irmãs indígenas guerreiras, dos quilombos e das aldeias que sustentaram esse chão, essa terra vermelha de sangue.

Em cada canto, tanto nas escolas municipais quanto estaduais, exigimos uma educação antirracista, indígena, preta, viva! Viva o nosso povo!

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Palestina, você não está sozinha! Todo povo negro sabe o que é ser alvo, o que é ser tratado como algo descartável. Vidas palestinas importam! Vidas negras importam!
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Felipe* era jovem, preto, artista, sonhador – e foi assassinado. Quantos mais? O genocídio da juventude negra é real, diário, cruel. Não é acidente – é projeto de Estado. E nós estamos aqui:
Parem de nos matar!”

*Jovem negro, morto em Santo André – SP, dentro de um supermercado, em uma discussão com um segurança.

Professor Luiz Eduardo Prates
luizprts@hotmail.com